Os números revelam o compromisso do consórcio Mozambique LNG com as comunidades onde se insere: em Cabo Delgado, o projecto já apoiou formação a cerca de 1000 jovens.
Apesar da suspensão temporária das obras de construção do projecto de liquefacção de gás natural em Afungi, no distrito de Palma, província de Cabo Delgado — após a declaração de “força maior”, provocada pelos ataques armados em 2021 —, o projecto Mozambique LNG, operado pela TotalEnergies, manteve o compromisso com o desenvolvimento socioeconómico das comunidades locais. Em 2024, o foco manteve-se na formação profissional de jovens moçambicanos e na capacitação de pequenas e médias empresas (PME), pilares centrais da sua estratégia de conteúdo local.
A informação foi avançada por Edna Simbine, gestora de Conteúdo Local da TotalEnergies, numa entrevista concedida ao programa “Baía das Oportunidades”, emitido pela Rádio Moçambique. A responsável destacou que, apesar do contexto adverso, o último ano foi marcado por avanços significativos em diversas frentes da agenda de desenvolvimento local.
Uma resposta para a juventude
Entre os principais marcos de 2024 sobressai a graduação de 180 jovens na delegação de Pemba do Instituto de Formação Profissional e Estudos Laborais Alberto Cassimo (IFPELAC), em áreas técnicas com forte procura no mercado de trabalho, tais como soldadura industrial, canalização, carpintaria e electricidade. Paralelamente, teve início um novo ciclo de formação em Quitunda, no distrito de Palma, beneficiando inicialmente 40 jovens — metade dos 80 previstos — em cursos de culinária e carpintaria ministrados através de unidades móveis de formação.
Desde o arranque da parceria com o IFPELAC, em 2022, o projecto Mozambique LNG já proporcionou formação a um total de 669 jovens. “Estamos convictos de que a juventude moçambicana é um activo estratégico para o futuro do País. A sua energia, resiliência e vontade de aprender são o motor deste investimento contínuo”, afirmou Edna Simbine.
Preparar PME para oportunidades
No domínio do empreendedorismo e fortalecimento institucional, o ano de 2024 registou a participação de 50 empresas no Programa de Desenvolvimento Empresarial promovido pela TotalEnergies. Trata-se de uma iniciativa orientada para a profissionalização da gestão, elevação dos padrões operacionais e preparação para responder às exigências do sector do petróleo e gás, bem como de outras áreas da economia nacional.
“A promoção da igualdade de género nas iniciativas de formação é um eixo fundamental da estratégia de conteúdo local do projecto da TotalEnergies”
A estes esforços juntaram-se ainda dois bootcamps empresariais — um em Maputo e outro em Pemba —, que capacitaram 126 jovens empreendedores, com idades entre os 18 e os 35 anos, em matérias como gestão financeira, elaboração de planos de negócio e digitalização.
Já no sector logístico, 97 jovens de Palma concluíram um curso de condução de veículos pesados, uma resposta directa às necessidades do mercado e uma via efectiva para a empregabilidade local. “Alguns destes jovens estão já integrados em empresas da região, o que demonstra o impacto prático das nossas acções de formação”, acrescentou.
Incluir mulheres em áreas técnicas
A promoção da igualdade de género nas iniciativas de formação é um eixo fundamental da estratégia de Conteúdo Local do projecto. Em 2024, 42% dos formandos no âmbito da parceria com o IFPELAC eram mulheres — um progresso assinalável face aos padrões históricos de sub-representação feminina em áreas técnicas.
“Queremos ir mais longe. A nossa meta não é apenas formar mais mulheres, mas também promover modelos de referência que possam inspirar outras a seguirem este caminho”, declarou Edna Simbine. “Trata-se de romper com estigmas e criar um ambiente mais inclusivo e equitativo.”

Metas ambiciosas e alianças estratégicas
Para o ano em curso, o projecto Mozambique LNG estabeleceu metas claras e ambiciosas. A TotalEnergies propõe-se formar, em colaboração com o IFPELAC, pelo menos 2500 jovens até 2027, alargando simultaneamente as áreas de formação a novos sectores emergentes.
Na vertente empresarial, prevê-se o apoio a mais 50 PME, e espera-se que parte destas empresas possam beneficiar de certificações internacionais como a ISO 9001, essenciais para o aumento da competitividade e sustentabilidade das empresas moçambicanas. Um outro eixo de intervenção será o reforço de parcerias, tanto entre empresas moçambicanas como entre entidades nacionais e internacionais, com vista à partilha de tecnologia, conhecimento e boas práticas.
“O que pretendemos é maximizar o impacto do conteúdo local, promovendo uma economia mais robusta, com maior absorção de mão-de-obra qualificada e capacidade de gerar valor interno”, sublinhou Edna.
Sustentabilidade a longo prazo
Segundo a mesma responsável, a sustentabilidade das iniciativas assenta numa lógica de estreita cooperação com instituições locais, nacionais e internacionais. O memorando de entendimento assinado com o Governo moçambicano e o IFPELAC, em 2022, reflecte esse compromisso de longo prazo.
“Estamos a construir, com os nossos parceiros, as bases para um futuro em que os moçambicanos sejam protagonistas activos do desenvolvimento económico do País, dentro e fora do sector do gás”, concluiu Edna Simbine.
Texto: M4D • Fotografia: D.R