O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, planeia discutir oportunidades de negócios para as empresas de Elon Musk durante a visita a Washington esta semana, com o objectivo de melhorar as relações com o Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, revelou o porta-voz de Ramaphosa, Vincent Magwenya, nesta segunda-feira (19).
De acordo com um artigo publicado pela Reuters, Trump criticou a governação da África do Sul durante o início do seu segundo mandato, citando a desaprovação da sua política de reforma agrária e o seu processo de genocídio contra Israel, aliado dos EUA, no Tribunal Internacional de Justiça.
A sua administração cortou o financiamento ao país em Fevereiro e, na semana passada, concedeu o estatuto de refugiado a um grupo de sul-africanos brancos que, segundo o Governo norte-americano, enfrentavam discriminação racial – uma alegação que o Executivo sul-africano nega.
O encontro entre os dois chefes de Estado está previsto para esta quarta-feira (21). E as autoridades sul-africanas têm estado a preparar uma proposta comercial para apresentar a Trump, com o objectivo de restabelecer a relação.
Uma proposta potencial seria a empresa automóvel e de armazenamento de energia Tesla – liderada por Musk, um aliado próximo e conselheiro de Trump – receber tarifas favoráveis sobre as suas importações para a África do Sul em troca da construção de estações de carregamento de veículos eléctricos.
O porta-voz de Ramaphosa declarou sobre o assunto: “Certamente, a questão será discutida.”
Os EUA pressionaram algumas nações que enfrentam tarifas para aprovar a Starlink – serviço de Internet por satélite da SpaceX, fundada por Elon Musk -, informou o Washington Post no início deste mês, citando telegramas do Departamento de Estado norte-americano.

Musk, que nasceu na África do Sul, afirmou anteriormente que a Starlink foi impedida de operar no país africano porque não é negro, uma alegação que as autoridades sul-africanas refutaram. O regulador de telecomunicações da África do Sul havia dito, em Março, que a empresa não tinha solicitado uma licença.
A alegação de Musk parecia ser um golpe nas regras locais de Empoderamento Económico dos Negros, que exigem que as licenças de telecomunicações detidas por estrangeiros vendam 30% do capital das suas subsidiárias locais a grupos historicamente desfavorecidos.
O ministro da Agricultura da África do Sul, John Steenhuisen, que faz parte da delegação que viaja para os EUA, referiu que pretende garantir benefícios comerciais para os agricultores sul-africanos.
Actualmente, os produtos agrícolas sul-africanos beneficiam de acesso isento de direitos ao mercado norte-americano ao abrigo da Lei do Crescimento e Oportunidades para África. No entanto, sob o regime tarifário de Trump, isso está agora em risco. “Perder estes benefícios seria desastroso para os agricultores, para os trabalhadores agrícolas e para a economia em geral”, afirmou Steenhuisen num comunicado.