Moçambique figura entre os países mais visados por ataques cibernéticos no sector das tecnologias de informação e comunicações (TIC) em África, segundo o mais recente relatório global da NETSCOUT, empresa especializada em cibersegurança e análise de tráfego digital.
O documento, referente ao segundo semestre de 2024, revela que quatro dos cinco países mais atacados globalmente na categoria de “other computer related services” são africanos, com Moçambique a surgir em quinto lugar, depois da África do Sul, Quénia e Zâmbia. Os Estados Unidos são o único país não africano a figurar neste grupo restrito.
Além disso, Moçambique destaca-se também como alvo de ciberataques na categoria de telecomunicações por satélite, outra área crítica para a infra-estrutura digital do País. O relatório salienta a tendência crescente de ataques DDoS (Distributed Denial of Service), que consistem em sobrecarregar servidores ou redes para os tornar indisponíveis.
“A análise revela que o sector das TIC em África, incluindo Moçambique, está a tornar-se uma das frentes mais activas tanto para o crescimento económico como para a actividade criminosa digital”, afirmou Bryan Hamman, director regional da NETSCOUT para África.
Globalmente, os sectores de telecomunicações e informática dominaram o ranking dos dez sectores mais atacados em 2024, tanto a nível mundial como na região EMEA (Europa, Médio Oriente e África). No topo da lista figuram as operadoras de telecomunicações com e sem fios, os fornecedores de infra-estruturas de computação e alojamento de dados e os serviços web.
No continente africano, Moçambique junta-se à África do Sul, Quénia, Nigéria e Libéria como um dos principais epicentros de ataques cibernéticos a sistemas de informação e plataformas digitais.
Segundo o relatório, os motivos dos ataques vão desde pressões geopolíticas à extorsão através de resgates digitais, afectando não apenas a estabilidade das infra-estruturas tecnológicas, como também a confiança dos investidores e dos utilizadores.
Hamman alerta que, com o envolvimento crescente das operadoras em serviços financeiros e pagamentos móveis, as empresas de telecomunicações já não são apenas prestadoras de conectividade, mas actores centrais no ecossistema económico e digital, tornando-as ainda mais atractivas para grupos de cibercriminosos.
O relatório recomenda que os Estados africanos e as empresas do sector reforcem os seus sistemas de segurança cibernética, implementando planos de resposta a incidentes, monitorização em tempo real e acesso a plataformas de inteligência global sobre ameaças, como o NETSCOUT Cyber Threat Horizon.
Moçambique, que tem vindo a apostar na digitalização da economia e na expansão dos serviços electrónicos, vê-se assim confrontado com o desafio urgente de proteger os seus sistemas críticos, sobretudo à medida que cresce o número de utilizadores de serviços digitais, plataformas móveis e operações baseadas em nuvem.
A posição alcançada por Moçambique no relatório reforça o alerta para a necessidade de investimentos robustos em cibersegurança, formação especializada e legislação adequada que acompanhe a rápida evolução das ameaças no ambiente digital africano.
Fonte: Engineering News