O governador do Banco de Moçambique (BdM), Rogério Zandamela, avançou nesta sexta-feira (16), que o País possui reservas internacionais suficientes para a cobertura de necessidades de importações “muito acima de cinco meses”.
Segundo noticiou a Lusa, Zandamela falava na abertura do 60.º comité dos governadores dos bancos centrais da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que decorre em Maputo, zona Sul.
“Estamos bem. Estamos em equilíbrio. Estamos razoáveis. Não mencionei aqui nossa posição de reserva, muito acima de cinco meses em termos de cobertura de importação neste momento”, afirmou o responsável.
Ao orientar a cerimónia da abertura do encontro dos bancos centrais da SADC, o líder do BdM voltou a frisar que a economia moçambicana foi afectada pela tensão pós-eleitoral e por eventos climáticos, e a “desacelerar” de 5,4% em 2023 para 1,9% em 2024.
“No entanto, tenho o prazer de informar que, apesar disso, conseguimos manter a estabilidade de preços, que é o nosso principal objectivo. De facto, a inflação média anual desacelerou para 3,2% em 2024, após 7% em 2023, reflectindo uma política monetária prudente”, adiantou o governador do banco central.
A previsão do responsável é de uma inflação média anual a permanecer abaixo de 3,5%, devendo manter-se na casa de um dígito em 2025.
Em 13 de Abril, as Reservas Internacionais Líquidas (RIL) moçambicanas recuaram novamente em Fevereiro, para 3,5 mil milhões de dólares, o valor mais baixo em cerca de um ano.
De acordo com um relatório estatístico do BdM, as reservas – em moeda estrangeira – tinham registado o mínimo anterior em Junho de 2024, quando recuaram para 3,6 mil milhões de dólares, e antes, em Dezembro de 2023, de 3,5 mil milhões de dólares. Só entre Dezembro e Fevereiro estas caíram praticamente 4%, face aos 3,7 mil milhões de dólares no fecho de 2024.
Já em Fevereiro deste ano, o montante de reservas internacionais cobriam 3,3 meses das necessidades estimadas de importações.
Estas reservas, que garantem o pagamento ao exterior de bens e serviços por parte das empresas, tinham crescido em Janeiro de 2024 para quase 3,6 mil milhões de dólares, que foi então o valor mais elevado desde Setembro de 2021, e em Julho atingiram os 3807 milhões de dólares, um máximo de três anos.
O governador do BdM disse, a 8 de Novembro do ano passado, que as reservas de moeda estrangeira do País são confortáveis, mas não são “para queimar”, apesar das constantes alegações dos empresários sobre a falta de divisas no mercado.
Medidias adoptadas para reforçar a disponibilidade de divisas
Por sua vez, a Associação de Mukheristas em Moçambique, que reúne importadores informais, avançou em 6 de Maio que estão a recorrer ao mercado paralelo em Maputo para comprar moeda estrangeira, por escassez de divisas nos bancos, alertando para os custos acrescidos desta solução.
O BdM anunciou anteriormente estar a adoptar medidas para aumentar a disponibilização de divisas, numa altura em que o País se debate com limitações que condicionam cadeias de abastecimento de produtos alimentares e de combustíveis.
O banco central aprovou então “instrumentos normativos” para “proporcionar maior flexibilização na gestão de divisas por parte dos bancos intermediários, face à actual conjuntura socioeconómica”. Um dos avisos aprovados “incrementa, dos actuais 30% para 50%, a taxa de conversão decorrente das receitas de exportação de bens, serviços e rendimentos de investimento no exterior”, regime que “vigorará pelo período de 18 meses”.
Adicionalmente o banco, aprovou um aviso que estabelece um “regime excepcional” nas percentagens “das provisões regulamentares mínimas sobre crédito vencido, a vigorar por um período de 12 meses, para promover o “alargamento da capacidade dos bancos de concederem crédito”.