A África do Sul vai assegurar que o seu programa de tratamento do HIV/SIDA não entre em colapso, apesar da retirada do apoio dos Estados Unidos da América (EUA). Como revelou o ministro sul-africano da Saúde, Aaron Motsoaledi, o Governo atribuiu 36 milhões de dólares para expandir o acesso aos medicamentos anti-retrovirais.
De acordo com um artigo publicado pela Bloomberg, a África do Sul tem a maior epidemia de HIV do mundo, e cerca de 17% do financiamento para a sua resposta vinha do Plano de Emergência do Presidente dos EUA para o Alívio da SIDA (PEPFAR). Em Janeiro deste ano, Donald Trump suspendeu este programa, deixando um défice de 435 milhões de dólares no país.
“Em nenhuma circunstância permitiremos que este enorme trabalho realizado ao longo de mais de uma década e meia se desmorone e se esfume porque o Presidente Trump decidiu fazer o que fez”, afirmou Motsoaledi, num briefing nesta quinta-feira (15).
Cerca de 7,9 milhões de sul-africanos, ou seja, quase 13% da população, vivem com o vírus que causa a sida. Quase 75% estão a fazer tratamento anti-retroviral.
O PEPFAR e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) também financiaram centros que servem aqueles que podem ter dificuldade em aceder a um tratamento equitativo nas instalações estatais, como as pessoas pertencentes à comunidade LGBT e os trabalhadores do sexo.
“Cerca de 63 mil pessoas desses grupos-chave foram atendidas em 12 clínicas especializadas que funcionavam independentemente do Governo”, apontou o ministro, destacando que quase 42 mil dessas vivem no centro económico de Joanesburgo.
“Quando estas clínicas financiadas pelo PEPFAR foram fechadas, removemos os ficheiros destas pessoas para as instalações de saúde pública mais próximas”, sublinhou Motsoaledi. Mesmo assim, pelo menos oito mil trabalhadores de programas financiados pelo PEPFAR perderam os seus empregos.
O Governo sul-africano quer que mais de um milhão de cidadãos seropositivos tomem medicação anti-retroviral até ao final do ano, tendo sido acordado um plano para os alcançar no final do ano passado. De acordo com o governante, mais de metade destas pessoas já tiveram acesso aos medicamentos, apesar da interrupção do financiamento.
“O flagelo do HIV e da tuberculose deve ser encarado como o nosso inimigo comum, que devemos combater em conjunto, em vez de nos dividir”, concluiu o ministro.