A produção de vinhos na África do Sul conta com 370 anos de história. A viticultura teve início em 1655, quando os holandeses levaram as primeiras mudas para o país, sendo o médico Jan van Riebeeck um dos pioneiros no cultivo das videiras. Em 1659, foi produzida a primeira colecção de vinhos sul-africanos.
Um grande impulso ocorreu com a chegada dos protestantes franceses, em 1688, que levaram conhecimento avançado sobre a produção de vinhos e ajudaram a estabelecer a tradição vinícola no país.
Outro grande marco foi a criação do icónico Vin de Constance, um vinho doce, de sobremesa, feito a partir das mesmas uvas (Muscat) usadas em moscatéis franceses.
A viticultura sul-africana cresceu desordenadamente ao longo dos anos, o que levou à criação da KWV (Kooperatiwe Winjnbouwers Vereniging) em 1918, com o objectivo de regulamentar a produção. No entanto, o sistema tornou-se rígido demais, restringindo a criatividade dos produtores.
Além disso, durante o período do Apartheid, os vinhos sul-africanos enfrentaram boicotes comerciais, prejudicando o sector. A retoma aconteceu depois de 1991, com o fim do regime e a privatização da KWV, em 1997, dando maior liberdade aos produtores.
Há uma diversidade impressionante, influenciada por um clima semelhante ao mediterrânico e pela Corrente de Benguela, que refresca determinados vinhedos
Os Principais Vinhos da África do Sul
A África do Sul possui uma diversidade impressionante de terroirs, influenciados por um clima semelhante ao mediterrânico nalgumas zonas e pela Corrente de Benguela, que refresca determinados vinhedos. O país cultiva uvas tintas e brancas, com destaque para as seguintes variedades:
Vinhos tintos
Pinotage – A uva emblemática da África do Sul
A Pinotage é um cruzamento entre Pinot Noir e Cinsault, desenvolvido em 1925 pelo professor Abraham Perold na Universidade de Stellenbosch. Produz vinhos encorpados, com taninos marcantes, notas de frutas negras, especiarias e, às vezes, toques defumados.
Cabernet Sauvignon – A mais plantada
A Cabernet Sauvignon é amplamente cultivada e frequentemente utilizada em cortes (blends) no estilo bordalês, combinada com Merlot. Os vinhos apresentam boa estrutura, acidez equilibrada e notas de cassis, tabaco e cedro.
Syrah (Shiraz) – Elegância e potência
A Syrah tem-se destacado na África do Sul, produzindo vinhos profundos e complexos, com notas de frutas escuras, pimenta-preta, couro e ervas.
Merlot – Macio e acessível
Os vinhos de Merlot são conhecidos pelos taninos mais macios e aromas de ameixas e chocolate, sendo frequentemente usados para equilibrar cortes com a Cabernet Sauvignon.
Vinhos Brancos
Chenin Blanc – A uva branca mais cultivada
A Chenin Blanc, chamada localmente de Steen, é a uva branca dominante na África do Sul. É extremamente versátil, dando origem a vinhos secos e vibrantes, exemplares doces e envelhecidos.
Sauvignon Blanc – Frescura e toque mineral
A Sauvignon Blanc tem ganhado destaque, especialmente nas regiões mais frias. Os vinhos são marcados por alta acidez e notas de maracujá, goiaba, aspargo e minerais.
Chardonnay – Elegância e sofisticação
A Chardonnay é cultivada em áreas mais frescas e dá origem a vinhos refinados, muitas vezes fermentados em barricas de carvalho. Os melhores exemplares exibem aromas de frutas cítricas, baunilha e manteiga.
Muscat de Alexandria – Vinhos de sobremesa
Os vinhos de Muscat de Alexandria (tipo de moscatel) são usados para a produção do célebre Vin de Constance, que combina doçura equilibrada com notas de damasco, pêssego e crême brûlée.
A actividade vinícola da África do Sul passou por altos e baixos ao longo dos séculos, mas hoje destaca-se como uma das mais inovadoras do mundo. Os vinhos sul-africanos continuam a conquistar reconhecimento global, competindo com as melhores regiões vinícolas do mundo.
Texto: Ana Mangana • Fotografia: D.R