O problema da escassez de combustível continua a afectar diversas províncias do País, sobretudo a de Nampula, localizada na região Norte, que nas últimas semanas verificou um agravamento da crise, causando longas filas nos postos de gasolina, originando ainda um aumento dos preços no mercado informal e protestos.
De acordo com uma publicação da Deutsche Welle, em Nampula a maioria dos postos de combustível está sem ‘stock’, obrigando os cidadãos a passar horas à procura de combustível, o que, de certa maneira, cria impactos negativos para os transportadores públicos.
Segundo aquele órgão noticioso, com este cenário, o mercado informal expandiu-se, havendo vários cidadãos que revendem o combustível comprado nas bombas, muitas vezes em condições inadequadas. “Um litro de gasolina, cujo preço oficial é de 85,82 meticais, pode ser vendido por 300 meticais ou mais no mercado negro”, relatou.
Entre os consumidores, há uma percepção crescente de que as elites políticas e económicas não enfrentam as mesmas dificuldades, acusando ainda alguns postos de gasolina de priorizar o abastecimento de veículos do Governo ou de empresas ligadas ao Estado, enquanto a população em geral permanece em filas.

Neste sentido, o gerente do posto Eco, Miguel Amorim, citado pela Deutsche Welle, negou as alegações, afirmando que os contratos com clientes institucionais são cumpridos sem favoritismo. “Em princípio, não é bom priorizar o Governo. Como empresa, temos contratos firmados com os nossos clientes e em nenhum momento devemos deixar de cumprir esses compromissos”, afirmou.
No dia 29 de Abril, o governador de Nampula, Eduardo Mariano Abdula, garantiu que a situação seria resolvida e que o combustível já tinha chegado e aguardava apenas a distribuição. “No momento, é só uma questão de descarregar. Mas, pelo que me informaram, a gasolina estará disponível em breve”.
Contudo, duas semanas depois, a situação permanece praticamente inalterada, a frustração alimentou as mobilizações civis e, no último sábado (10), a organização da sociedade civil Koshukuro liderou uma manifestação pacífica, exigindo esclarecimentos do sector energético.
Gamito dos Santos, activista social e director-executivo da entidade, criticou a falta de comunicação oficial, dizendo “o Governo acha que só temos deveres, mas nunca direitos. Não podemos ressuscitar uma instituição pública para explicar publicamente o que está a acontecer. É hábito do Executivo deste País não dizer nada em tempos de crise.”
Chambisse explicou que, além da falta de moeda estrangeira, outros factores, como a não facilitação de créditos pelos bancos, têm dificultado o processo de importação e distribuição de combustíveis. “O mercado de distribuição de combustíveis tem várias ‘nuances’. Tal como outros importadores, também enfrentamos o desafio da disponibilidade de moeda estrangeira. O processo de emissão de garantias bancárias e pagamentos aos fornecedores tem-se tornado cada vez mais demorado, o que atrasa a chegada do produto ao País.”
Apesar desta situação, o PCA da Petromoc assegurou que a empresa tem capacidade suficiente para garantir o abastecimento do mercado. De acordo com a legislação, Moçambique deve manter um stock mínimo de 45 dias de combustíveis, uma meta que, segundo Chambisse, está sempre acautelada, sublinhando que a empresa também está a investir numa maior capacidade de armazenamento, especialmente em Maputo e na Beira (Sofala), para garantir que a operação do País e dos países vizinhos não seja afectada.