Macau quer atrair mais investidores estrangeiros, sobretudo dos países de língua portuguesa. A intenção foi manifestada esta terça-feira (13) pelo chefe do Governo da região chinesa, Sam Hou Fai. O líder defendeu que o território tem de “receber os amigos estrangeiros para investir e também concretizar os seus sonhos em Macau”, com destaque para o sector da tecnologia avançada.
Sam, primeiro dirigente da região a falar português, afirmou que os investidores “podem ser provenientes dos países de língua portuguesa e espanhola”. Garantiu ainda que, “desde que sejam a favor da diversificação económica, são sempre bem-vindos”, sublinhando o papel internacional de Macau. “Temos de conhecer quais são as nossas vantagens e promover no exterior o nosso rumo de desenvolvimento”, disse.
Segundo o governante, os empresários locais devem “explorar os mercados de língua espanhola e portuguesa e os mercados de África e do Médio Oriente”. Sam Hou Fai afirmou que este é “o papel de Macau no palco internacional”, atribuído pelo Governo central da China.
O responsável disse também que os empresários devem “tirar pleno proveito do papel singular e das vantagens únicas de Macau” para “explorar activamente os mercados prioritários, como os dos países de língua portuguesa”. A 14 de Abril, o líder anunciou que visitará Portugal após as legislativas de 18 de Maio, mas não avançou com soluções para as restrições à residência de portugueses.
“É preciso explorar os mercados de língua espanhola e portuguesa”
Desde Agosto de 2023 que Macau não aceita novos pedidos de residência de portugueses para o “exercício de funções técnicas especializadas”, restando apenas casos de reunião familiar ou ligação prévia ao território. Actualmente, a alternativa é o ‘blue card’, uma autorização de trabalho limitada, sem acesso aos benefícios dos residentes.
Sam admitiu que a única forma de obter o bilhete de identidade de residente é através dos novos programas de captação de quadros qualificados. Prometeu ainda “optimizar e encontrar quadros qualificados adequados”, garantindo que a visita a Portugal “deve ser em Julho”, podendo incluir uma passagem por Espanha.
A moeda digital como ponte para o comércio sino-lusófono
O secretário para a Economia e Finanças, Anton Tai Kin Ip, afirmou que Macau quer finalizar o sistema da moeda digital até ao fim de 2025. A moeda será usada como instrumento de liquidação para transacções comerciais entre a China e os países de língua portuguesa. Macau quer ser um elo tecnológico no espaço lusófono.
A pacata digital é uma versão electrónica da moeda oficial de Macau, com o mesmo valor legal das notas físicas. Será usada em pagamentos digitais seguros e regulados, diferente das criptomoedas privadas. “Esperamos que a pataca digital possa ser usada como um dos instrumentos de transacção digitalizada”, disse o secretário.
Durante a sessão na Assembleia Legislativa, Tai explicou que a primeira fase da implementação será para transacções de retalho, seguida pelas operações grossistas. O objectivo é expandir a ligação digital de Macau à plataforma dos países de língua portuguesa, reforçando a integração económica.
Em Março, Sam Tai liderou uma delegação numa visita a Lisboa e reuniu-se com o Banco de Portugal. Os encontros serviram para “negociar a consolidação e o aprofundamento da cooperação entre Macau e Portugal nas áreas da ciência, tecnologia, economia e comércio”. O secretário prometeu visitar mais países lusófonos para promover a pataca digital.
Segundo os Serviços de Alfândega da China, as trocas comerciais com os países de língua portuguesa atingiram 225,2 mil milhões de dólares em 2024, mais 2% que no ano anterior. Macau quer usar a pataca digital para facilitar e modernizar essas transacções com os parceiros lusófonos.
Fonte: Lusa