A administração Trump deu as boas-vindas nesta segunda-feira (12) a 59 sul-africanos brancos a quem concedeu o estatuto de refugiados nos Estados Unidos da América (EUA), considerando-os vítimas de discriminação racial, ao mesmo tempo que atraiu críticas dos democratas e gerou confusão na África do Sul.
O Presidente dos EUA, Donald Trump, bloqueou as admissões de refugiados do resto do mundo, na sua maioria não brancos, mas em Fevereiro ofereceu-se para reinstalar os Afrikaners – descendentes de colonos maioritariamente holandeses -, afirmando que estes enfrentavam discriminação.
Questionado na segunda-feira sobre a razão pela qual os sul-africanos brancos estavam a ter prioridade sobre as vítimas da fome e da guerra noutras partes de África, Trump afirmou, sem fornecer provas, que os africaners estavam a ser mortos.
“É um genocídio que está a acontecer”, declarou o Presidente na Casa Branca, indo mais longe do que antes ao fazer eco dos argumentos sobre a sua alegada perseguição. “Não estava a favorecer os afrikaners por serem brancos”, disse, acrescentando que a sua raça “não faz diferença para mim.”
Entretanto, a África do Sul sustenta que não há provas de perseguição e que as alegações de um “genocídio branco” no país, reiteradas pelo aliado de Trump, nascido na África do Sul, Elon Musk, não foram apoiadas por evidências.
Críticas dos democratas à decisão de Trump
A Igreja Episcopal anunciou nesta segunda-feira que deixaria de colaborar com o Governo federal no domínio dos refugiados, depois de lhe ter sido pedido que ajudasse a instalar os Afrikaners.
“Tem sido doloroso ver um grupo, seleccionado de uma forma altamente invulgar, receber tratamento preferencial em relação a muitos outros que têm estado à espera em campos de refugiados ou em condições perigosas durante anos”, escreveu o bispo presidente Sean Rowe numa carta aos seguidores da igreja.

A senadora norte-americana Jeanne Shaheen, a democrata mais graduada da Comissão de Relações Externas do Senado, considerou a medida “desconcertante”.
“A decisão desta administração de colocar um grupo na frente da fila é claramente motivada por razões políticas e um esforço para reescrever a história”, afirmou a responsável numa declaração também nesta segunda-feira.
A decisão de aceitar sul-africanos como refugiados surge numa altura em que a administração Trump suspendeu quase todos os pedidos de asilo de migrantes.
Em Fevereiro, a África do Sul criticou a ordem executiva de Trump que abre os EUA à reinstalação de afrikaners brancos, afirmando, em comunicado, que “é irónico” que o país esteja aberto a aceitar um grupo “que permanece entre os mais privilegiados economicamente”, enquanto nega asilo a pessoas vulneráveis de outras partes do mundo.
Fonte: Reuters