As três operadoras de telefonia móvel no País enfrentaram prejuízos significativos no ano passado devido a fraudes em telecomunicações, que terão totalizado 63 milhões de meticais (985 mil dólares). A informação consta de um relatório do Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique (INCM), apresentado durante um workshop sobre Segurança e Resiliência nas Comunicações, realizado em Maputo.
Segundo o documento, citado esta segunda-feira, 12 de Maio, pela Agência de Informação de Moçambique, mais de meio milhão de fraudes foram registadas ao longo de 2024, o equivalente a 1500 tentativas por dia — ou seja, 63 por hora. O mais alarmante é que dois terços dessas acções fraudulentas foram bem-sucedidas, provocando um impacto directo na receita das operadoras.
As províncias mais afectadas foram Nampula, Maputo Cidade e Maputo Província, que em conjunto concentraram 87% dos casos registados.
Fraudes com tecnologia e manipulação de chamadas
Entre os esquemas mais frequentes encontra-se a utilização de SIM Boxes, dispositivos que permitem disfarçar chamadas internacionais como se fossem nacionais, reduzindo os custos para o utilizador final mas prejudicando gravemente as operadoras. Outro tipo de crime em ascensão é o chamado “SIM swap”, em que os criminosos substituem fraudulosamente o cartão SIM do utilizador, obtendo assim acesso aos seus dados e contas bancárias.
O relatório revela ainda que mais de 200 mil cartões SIM foram registados de forma fraudulenta, provocando perdas adicionais de mais de seis milhões de meticais às operadoras.
Cibersegurança será tratada como prioridade nacional
A presidente do Conselho de Administração do INCM, Helena Fernandes, afirmou que a criação da Equipa de Resposta a Incidentes de Segurança nas Telecomunicações (ERST) tem como principal objectivo reforçar a resiliência das infra-estruturas de telecomunicações no País. A ERST é um grupo multissectorial, composto por técnicos do INCM e representantes das operadoras, com a missão de padronizar procedimentos, coordenar acções e partilhar informação para combater a fraude de forma mais eficaz.
“Queremos que a cibersegurança seja tratada como uma questão de segurança nacional, em linha com a agenda de transformação digital do Governo”, declarou Helena Fernandes.
A medida visa não só proteger os utilizadores e as receitas do sector, mas também garantir a integridade e confiança nos serviços digitais que se tornam cada vez mais essenciais para o desenvolvimento económico e social de Moçambique.