Moçambique foi um dos países africanos mais afectados por fenómenos climáticos extremos em 2024, de acordo com o relatório “Estado do Clima em África 2024”, divulgado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência especializada das Nações Unidas.
Segundo um documento, o País enfrentou impactos devastadores com a passagem do ciclone tropical Chido, que provocou a morte de pelo menos 120 pessoas, afectou cerca de 450 mil habitantes e danificou mais de 40% das infra-estruturas hospitalares, segundo dados do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).
Em Março, Moçambique voltou a ser atingido pela tempestade tropical Filipo, que afectou cerca de 48 mil pessoas na província de Inhambane e causou duas mortes, de acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
O relatório da OMM destaca que, em toda a África, as alterações climáticas e fenómenos meteorológicos extremos estão a intensificar a fome, a insegurança, a deslocação forçada de populações e a comprometer o desenvolvimento socioeconómico. Em particular, a África Austral, onde se insere Moçambique, registou quebras generalizadas na produção agrícola, insegurança alimentar e desafios humanitários devido a secas prolongadas associadas ao fenómeno El Niño.
A OMM refere ainda que a superfície dos oceanos que rodeiam o continente africano atingiu temperaturas recorde em 2024, enquanto as chuvas irregulares e os ciclones agravaram a vulnerabilidade de países já expostos a crises ambientais e sociais.
O relatório sublinha que, para mitigar os impactos das alterações climáticas, é fundamental reforçar os sistemas de alerta precoce, investir em infra-estruturas resilientes e acelerar o desenvolvimento de tecnologias de previsão e resposta climática. A OMM apela, por isso, a um esforço conjunto dos governos africanos, parceiros internacionais e sector privado para reforçar a adaptação e a resiliência dos países mais afectados.
Em Moçambique, os efeitos dos desastres naturais reiteram a urgência de investimentos em sistemas de protecção civil, saúde, agricultura e infra-estruturas de base para minimizar as perdas humanas e materiais face a eventos climáticos cada vez mais frequentes e intensos.
Fonte: Lusa