A indústria criativa africana vai receber um impulso financeiro de mil milhões de dólares, com a criação do Fundo de Cinema de África (Africa Film Fund) pelo Banco Africano de Exportações e Importações (Afreximbank) e pelo seu braço de investimento, o Fundo para o Desenvolvimento das Exportações em África (FEDA). O objectivo é transformar o sector audiovisual do continente.
Lançado em Kigali, o fundo está alinhado com o programa Creative Africa Nexus (CANEX) do Afreximbank e procura usar a cultura como uma ferramenta estratégica para o crescimento económico. O Africa Film Fund apoiará a produção, distribuição e construção de infra-estruturas em áreas historicamente pouco financiadas.
A indústria audiovisual africana já gera 5 mil milhões de dólares por ano e sustenta mais de 5 milhões de empregos. No entanto, continua limitada por redes de distribuição fracas, poucas instalações de pós-produção e escassez de ecrãs de cinema, o que prejudica a sua presença internacional.
Neste contexto, o fundo não será apenas uma fonte de financiamento, mas um instrumento de mudança estrutural, promoção cultural e inclusão económica. A proposta é construir um ecossistema cinematográfico que sustente um crescimento económico duradouro e lucrativo.
“O cinema é um dos pilares do Nexo da África Criativa. Com o Africa Film Fund, estamos a abrir o potencial de África para desenvolver os seus conteúdos criativos e estar mais presente no mercado global”, afirmou o professor Benedict Oramah, presidente do Afreximbank.
A directora-executiva do FEDA, Marlene Ngoyi, reforçou que o fundo vai além da produção de filmes. “Trata-se de capacitar o talento criativo, encorajar o intercâmbio cultural e catalisar a transformação económica a longo prazo”, disse, destacando o impacto amplo da iniciativa.
Por seu turno, Kanayo Awani, vice-presidente executivo para o Comércio Intra-Africano e Desenvolvimento das Exportações no Afreximbank, considera a cultura um pilar essencial para a integração regional e capacitação da juventude, e não apenas um instrumento de poder simbólico.
O lançamento do fundo foi apoiado por figuras de destaque como a actriz norte-americana Viola Davis, que elogiou a plataforma como uma oportunidade para os produtores audiovisuais africanos serem “ousados, não filtrados e ricos em verdade”. Já o actor austro-alemão Boris Kodjoe concluiu, saudando o fundo como a realização de um sonho de levar ao mundo histórias africanas autênticas.
Fonte: Further Africa