A Organização Internacional para as Migrações (OIM) estima que mais de 1500 pessoas fugiram de duas localidades da província do Niassa, na região Norte de Moçambique, devido aos recentes ataques de supostos insurgentes que aconteceu numa área protegida.
“Desde 29 de Abril, novas famílias deslocadas têm chegado ao distrito de Mecula devido a ataques de grupos armados não estatais nas localidades de Mbamba e Macalange. Para acomodar as famílias deslocadas, o Serviço Distrital de Planeamento e Infra-estruturas (SDPI) designou a Escola Básica 16 de Junho como um centro de trânsito enquanto estão a ser exploradas soluções a longo prazo”, avançou um relatório da entidade.
De acordo com o documento, actualmente, 119 famílias (458 indivíduos) estão acolhidas naquela escola, enquanto 286 famílias (1079 indivíduos) estão a ser alojadas por familiares e membros da comunidade.
A OIM explicou ainda que foram identificadas necessidades humanitárias urgentes dos deslocados, que incluem artigos não alimentares, assistência alimentar, apoio psicossocial, tendas familiares, além de `kits´ de dignidade e `kits´ de higiene, com particular ênfase na melhoria do saneamento.

No dia 29 de Abril, o acampamento de caça desportiva de Mariri, numa das coutadas da Reserva Especial do Niassa, área com 42 mil quilómetros de terra em oito distritos que abrange também Cabo Delgado, foi invadido por homens armados, cenário que causou dois mortos e dois desaparecidos.
Trata-se do segundo caso de alegadas movimentações terroristas naquela área, tendo o primeiro sido registado em 24 de Abril. Relatos locais indicam que o grupo, ainda em número indeterminado, entrou numa aldeia da reserva, gerando pânico entre os residentes.
A Polícia da República de Moçambique (PRM) afirmou que estava a investigar o caso. Já o ministro da Defesa, Cristovão Chume, reconheceu a existência de grupos terroristas na reserva.
Só em 2024, morreram, pelo menos, 349 pessoas em ataques perpetrados por grupos extremistas islâmicos na província, representando um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo dados divulgados recentemente pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano especializada na análise de conflitos em África.
O mais recente grande ataque ocorreu nos dias 10 e 11 de Maio de 2024, quando cerca de uma centena de insurgentes invadiu e saqueou a sede distrital de Macomia, resultando em várias mortes e intensos combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, apoiadas por tropas do Ruanda, que prestam assistência ao País no combate aos rebeldes.