Moçambique vai acolher, de 6 a 10 de Junho, o segundo congresso dos 500 anos do nascimento de Luís de Camões, dando ênfase à relação do poeta português com o oceano Índico e o território moçambicano. O Evento é organizado pelas universidades Eduardo Mondlane (UEM) e A Politécnica, de Moçambique, e a Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, contando ainda com a coordenação da Rede Camões em África e Ásia.
Segundo Serafim Adriano, representante dos organizadores do congresso, as actividades vão decorrer num modelo hibrido, com sessões virtuais e presenciais, e haverá um espaço dedicado à discussão da obra e legado de Camões. “No dia 10, Dia de Camões, o evento vai acontecer no Centro de Arqueologia e Investigação e Recursos da UEM, na Fortaleza de São Sebastião e na Ilha de Moçambique, província de Nampula, no Norte do País.”
Para além de debates e apresentações de estudos e comunicações sobre Luís de Camões, estão igualmente agendadas exposições artísticas e visitas a lugares históricos, o que vai reunir também “estudiosos, escritores, investigadores e entusiastas da literatura camoniana.”
Estão ainda programadas apresentações musicais inspiradas na poesia de Camões, com a intenção de preservar o seu legado e encontrar nas suas obras marcas e referências de lugares onde viveu ou passou. “Este evento é de grande importância para aqueles que lidam com a literatura, linguística, tanto para o ensino superior como para o ensino médio, porque esta é uma figura emblemática e que é de destaque na literatura, principalmente nos países lusófonos”, disse Serafim Adriano.

A organização indicou que a escolha de Moçambique como palco do segundo congresso reforça a importância histórica e cultural do País no contexto da expansão marítima portuguesa e da interacção entre diferentes culturas no período dos descobrimentos.
A Rede Camões em África e Ásia, que promove e incentiva estudos e publicações sobre Camões, realizou o primeiro congresso sobre os 500 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões no ano passado, em Macau, sendo que para 2026 se pretende levar o mesmo evento para Goa, fazendo um périplo por lugares onde o poeta passou e viveu.
Nascido em 10 de Junho de 1524, em Lisboa, o poeta-soldado viveu e escreveu cerca de dois anos na Ilha de Moçambique, na antiga rua do Fogo. De acordo com a Lusa, o município local apresenta Camões como marco da multifacetada história daquela ilha, a qual cantou como “pequena ilha” do Índico em Os Lusíadas, tendo influenciado “de forma positiva e motivadora as gentes” locais.
A estátua do poeta foi inaugurada, em 1970, pelo governador-geral da então colónia de Moçambique, Baltazar Rebelo de Souza, pai do actual Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente Samora Machel, por ocasião da sua visita a Portugal, em Outubro de 1983, afirmou que Camões não era património exclusivo dos portugueses, mas também dos moçambicanos “por via da língua portuguesa”, que agora é “símbolo da liberdade, da independência e da partilha.”