A mineradora australiana Syrah Resources, que opera no distrito de Balama, em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, anunciou nesta segunda-feira, 5 de Maio, que conseguiu restaurar o acesso a sua mina de grafite, após interrupções causadas por protestos ilegais.
Num comunicado divulgado pelo Engineering News, a entidade explicou que chegou a um acordo formal com agricultores e autoridades governamentais em Abril, o que levou a maioria dos manifestantes a interromper as acções ilegais em Balama, acrescentando que, no entanto, um pequeno grupo de pessoas continuou a bloquear o acesso ao local “sem motivo legítimo”.
“As autoridades conseguiram reprimir os protestos ilegais restantes nos dias 3 e 4 de Maio, o que permitiu à Syrah restaurar o acesso ao local em Balama”, avançou a mineradora listada na Bolsa de Valores Australiana (em inglês Australian Stock Exchange – sigla ASX).
A empresa confirmou ainda que está a mobilizar equipas de apoio ao acampamento, inspecção e manutenção, com o objectivo de reiniciar as operações e os embarques dos produtos nos prazos previstos.
“A paralisação prolongada da mina foi motivada inicialmente por reivindicações relacionadas ao reassentamento de terras agrícolas e, posteriormente, por conflitos mais amplos relacionados às eleições. A empresa não produziu grafite por três trimestres consecutivos, e as vendas também foram suspensas até a retomada da produção”, descreveu.

Na altura, a Syrah, fornecedora de grafite para baterias de veículos eléctricos, incluindo um contrato com a Tesla, destacou que os bloqueios impediram o transporte de materiais e levaram ao encerramento temporário das operações, com os trabalhadores dispensados.
A empresa recebeu anteriormente um financiamento de 150 milhões de dólares do International Development Finance Corp. e outros 98 milhões do Departamento de Energia dos EUA para apoiar a mina de Balama e construir uma fábrica de processamento nos EUA. No entanto, a instabilidade em Moçambique comprometeu o cumprimento dessas obrigações financeiras.
“Os impactos e a duração das acções de protesto desencadearam eventos de incumprimento nos empréstimos da empresa com a United States International Development Finance Corp. e o Departamento de Energia dos EUA”.
Moçambique viveu quase cinco meses de tensão pós-eleitoral, um momento marcado por manifestações gerais que originaram a morte de 390 pessoas durante os confrontos entre os civis e a polícia. A agitação que causou prejuízos avultados para a economia foi incentivada pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane que não reconhece os resultados das eleições de 9 de Outubro cuja vitória foi da Frelimo e do seu candidato, Daniel Chapo.
Em Abril, o Parlamento aprovou, por unanimidade, aclamação e em definitivo, a lei do acordo político para pacificar o País, incluindo a revisão da Constituição da República e dos poderes do Presidente. O dispositivo legal, aprovado pelas quatro bancadas que compõem o Parlamento moçambicano, tem por base o acordo entre o chefe do Estado, Daniel Chapo, e todos os partidos políticos, assinado no passado dia 5 de Março e submetido à Assembleia da República para apreciação com carácter de urgência.