A seguradora Hollard Moçambique lançou esta terça-feira (6), em Maputo, o seu primeiro fundo de pensões. Durante a apresentação, Israel Muchena, director-executivo da seguradora, destacou a “urgência” de criar uma cultura de poupança no País. “Esta iniciativa faz parte do nosso compromisso de contribuir para melhores futuros em Moçambique. O fundo de pensões é uma ferramenta essencial para estimular a poupança até à altura da reforma. E essa preparação tem de começar hoje”, afirmou.
O responsável alertou para a baixa penetração da previdência privada no País: “Quando comparamos com países como o Botsuana, por exemplo, onde os activos dos fundos de pensões representam 48% do PIB, vemos que em Moçambique este valor é inferior a 1%. O País precisa de poupar mais, e nós queremos ser parte activa dessa transformação.”
Muchena sublinhou ainda o posicionamento estratégico da seguradora no sector: “Não tínhamos um fundo de pensões. Agora avançamos com uma abordagem diferenciadora, onde ainda há espaço para inovar. Estamos também a trabalhar em propostas de micropensões para o sector informal, algo de que pouco se fala, mas que é essencial para garantir inclusão financeira.”
Em seguida, Júlio Nhancune, especialista em fundos de pensões da Hollard Moçambique, aprofundou os desafios enfrentados por trabalhadores em projectos de curta duração e a importância de soluções adaptadas. “Muitos colaboradores entram em projectos temporários sem imaginar que podem terminar de um dia para o outro. Não criam poupanças para essa eventualidade. O nosso papel, como entidade gestora, é garantir que compreendam que os projectos acabam, mas a responsabilidade financeira continua”, explicou. “É necessário constituir um ‘pé-de-meia’ enquanto o contrato decorre. Esses fundos podem depois ser transferidos para outra entidade ou continuar de forma individual.”
O especialista destacou ainda a escassez de conhecimento técnico entre os trabalhadores como uma barreira real à adesão: “Há um desconhecimento técnico que cria bloqueios. Muitos não sabem o que podem ou não fazer com o seu fundo. Por isso, é fundamental promover estas conversas e mostrar que o património é do trabalhador, e que o pode acompanhar ao longo da sua vida profissional.”
Relativamente aos retornos, esclareceu: “Os rendimentos são capitalizados mensalmente e acumulados na conta do trabalhador. No fim da vida activa, ou em caso de desvinculação, esses valores são pagos directamente ao beneficiário.”
Do lado das empresas, deixou claro: “Não há retorno financeiro directo. O benefício é reputacional. Ganha-se fidelização de talento, confiança e solidez institucional. A legislação é clara: os benefícios concedidos ao trabalhador não podem regressar à empresa.”
A gestão de activos do fundo estará a cargo do Banco BiG Moçambique, numa estrutura de governação independente que inova no contexto nacional. “Temos uma parceria com o Banco BiG, que terá a responsabilidade de garantir investidores e a gestão do fundo. Quando ocorrem choques económicos, é fundamental ter uma boa estratégia de investimento e entidades competentes a gerir as poupanças”, reforçou Israel Muchena.

Em representação do banco, Meul Gulabsinh, director financeiro (CFO) do BiG Moçambique, explicou o alcance da parceria: “O banco tem o mandato para gerir os investimentos, as contribuições dos trabalhadores e a gestão do risco e do património dos participantes. Esta é uma responsabilidade técnica e estratégica que assumimos com grande seriedade.”
Segundo o CFO do BIG, o convite da Hollard foi acolhido com naturalidade, fruto da convergência de valores entre ambas as instituições. “Temos valores comuns: responsabilidade para com os trabalhadores, foco no longo prazo e disciplina na gestão. Isto encaixa-se perfeitamente na nossa missão enquanto gestores de activos.”
O CFO destacou ainda que o modelo adoptado representa uma evolução significativa: “A Hollard optou por confiar ao BiG a gestão independente do fundo o que traz mais transparência, reforça a confiança e obriga-nos a entregar resultados concretos aos investidores.”
Esta nova solução financeira agora lançada pela Hollard oferece adesão aberta, fechada ou individual, dirigida a empresas de todas as dimensões, profissionais independentes e trabalhadores do sector informal. Conta com uma plataforma digital de última geração — Everest.NET, da EB-Sphere — que garante operações automatizadas, acesso 24/7 e elevada segurança tecnológica. Integra ainda seguros de vida complementares, vantagens fiscais para as empresas e apoio técnico especializado.
Com este lançamento, a Hollard Moçambique pretende reforçar o seu compromisso com soluções sustentáveis e financeiramente sólidas. “Queremos estimular mudanças reais no segmento de fundos de pensões e contribuir para um futuro mais protegido e estável em Moçambique”, concluiu Israel Muchena.