O Governo da Coreia do Sul anunciou esta sexta-feira, 2 de Maio, a disponibilização de um fundo de um milhão de dólares destinado a apoiar acções humanitárias no Norte de Moçambique, com enfoque nos distritos mais afectados pela violência armada e por fenómenos climáticos extremos na província de Cabo Delgado.
A ajuda será canalizada através da Organização Internacional para as Migrações (OIM), que liderará intervenções nos domínios da segurança alimentar, fornecimento de água potável, saúde, combate à desnutrição, higiene comunitária, protecção infantil e reabilitação de infraestruturas resilientes. A província, rica em recursos naturais, tem sido palco de uma crise humanitária prolongada, marcada por ataques de grupos armados desde 2017 e agravada por ciclones tropicais sucessivos.
“Esta contribuição é dedicada ao suporte às pessoas de Moçambique, especialmente às afectadas pelo terrorismo e desastres naturais em Cabo Delgado”, declarou o embaixador da Coreia do Sul em Maputo, Bok Won Kang, durante o acto de anúncio oficial.
O representante da OIM, Dinis Zacarias, referiu que o fundo permitirá implementar soluções de longo prazo, estruturadas com base nas necessidades concretas das comunidades afectadas. “A intervenção será centrada na reconstrução de infraestruturas e em acções definidas localmente, de modo a garantir o maior impacto possível”, explicou.
Desde 2017, a insurgência armada em Cabo Delgado já causou milhares de mortos e obrigou mais de um milhão de pessoas a abandonar as suas casas. Só em 2024, segundo o Centro de Estudos Estratégicos de África, 349 pessoas perderam a vida em ataques extremistas, um aumento de 36% face ao ano anterior.
A par da violência, a província continua exposta a eventos climáticos extremos. Durante a última época chuvosa, Moçambique foi atingido por três ciclones — Chido, Dikeledi e Jude — que causaram mais de 300 mortos e deixaram um rasto de destruição nas regiões centro e norte, incluindo Cabo Delgado.
As Nações Unidas estimam que 1,4 milhão de moçambicanos necessitem de assistência humanitária em 2025, sendo Moçambique considerado um dos países mais vulneráveis às alterações climáticas no continente africano. A ajuda sul-coreana surge, assim, como reforço ao esforço internacional de resposta à complexa crise humanitária que afecta o Norte do País.
Fonte: Lusa