O Banco Nacional de Angola (BNA) prepara-se para realizar uma nova avaliação ao sistema financeiro nacional, em parceria com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, no âmbito do programa internacional de análise do sector financeiro, conhecido como FSAP (Financial System Assessment Program).
O objectivo da avaliação, segundo o relatório e contas do BNA referente a 2024, é identificar vulnerabilidades estruturais no sistema financeiro angolano e propor um plano de acção para o seu fortalecimento e desenvolvimento sustentável.
O anúncio surge na sequência da conclusão, com sucesso, da avaliação ao sistema de combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo, realizada pelo Grupo de Combate ao Branqueamento de Capitais da África Oriental e Austral (ESAAMLG). A avaliação reconheceu a eficácia do modelo de supervisão do banco central angolano neste domínio, no quadro do processo regional promovido pelo Grupo de Acção Financeira (GAFI).
No âmbito do seu plano de supervisão para 2024, o BNA realizou 15 inspecções a instituições bancárias — seis programadas e nove não programadas — e quatro vistorias a entidades não bancárias. Estas acções focaram-se na verificação dos mecanismos internos de controlo e prevenção de crimes financeiros.
As inspecções revelaram deficiências em áreas como a identificação e classificação de risco dos clientes, monitorização de transacções e gestão de alertas nos sistemas de controlo. Como consequência, foram emitidas recomendações e propostas de sanções às instituições que apresentaram incumprimentos.
De acordo com o relatório, até à data da sua publicação, cinco instituições — um banco comercial e quatro entidades não bancárias — já tinham concluído os respectivos planos de correcção, enquanto outras 23 estavam ainda em fase de elaboração, com prazo limite até Março de 2025.
O documento menciona também várias acções concluídas no âmbito do período de pós-observação do GAFI, incluindo avaliações sectoriais de risco, divulgação de orientações ao sector supervisionado, revisão do quadro regulamentar e reforço da capacitação técnica das instituições.
Angola continua, no entanto, integrada na “lista cinzenta” do GAFI, que identifica países com deficiências estratégicas na prevenção ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo. A presença nesta lista implica maior escrutínio internacional, dificuldades no acesso ao financiamento externo e maior risco para o investimento estrangeiro.
Com a nova avaliação a ser conduzida com o apoio do FMI e do Banco Mundial, o BNA pretende consolidar os avanços já alcançados e reforçar a credibilidade do sistema financeiro angolano junto da comunidade internacional.
Fonte: Lusa