Uma equipa de investigação da Universidade de Coimbra (UC), em Portugal, realizou um estudo que mostra o impacto de certas doenças crónicas associadas ao declínio cognitivo – como a doença de Alzheimer, a diabetes tipo 2 e a esquizofrenia. Os investigadores utilizaram técnicas de Inteligência Artificial (IA) e várias bases de dados locais e mundial.
Foi assim possível diferenciar a idade biológica da idade cronológica – uma nova forma de medir o impacto destas doenças crónicas que afectam directa ou indirecta o cérebro.
Nos casos de doença de Alzheimer, o envelhecimento pode chegar a mais de 9 anos do que a idade real do doente, lê-se num comunicado
Esta investigação tem como base um conceito novo: brain age gap estimation. Ou seja, a diferença entre a idade cronológica de uma pessoa e a idade cerebral estimada (determinada através de modelos de Inteligência Artificial que analisaram imagens de ressonância magnética do cérebro); tudo para mostrar o impacto de determinadas doenças no envelhecimento do cérebro.
“A idade cerebral estimada é a ‘idade biológica’ do cérebro, prevista por modelos que analisam imagens cerebrais. A sua comparação com a ‘idade cronológica’ (a idade real de uma pessoa, medida em anos) permite indicar se o cérebro envelheceu mais ou menos rapidamente do que o esperado. Um valor positivo de brain age gap significa um envelhecimento cerebral acelerado, enquanto um valor negativo é indicador de um cérebro mais jovem do ponto de vista biológico, com envelhecimento retardado”, explica Miguel Castelo-Branco, autor sénior do artigo.
Os investigadores utilizaram técnicas de Inteligência Artificial (IA) e várias bases de dados locais e mundial
Com vários modelos de Inteligência Artificial, foram obtidos mapas que permitiram interpretar que regiões do cérebro mais contribuíam para o cálculo da idade biológica.
E foram estabelecidas métricas que permitiram concluir o impacto médio de cada uma das doenças estudadas (as três estão associadas ou são factor de risco para o declínio cognitivo) no envelhecimento do cérebro.
“No caso da esquizofrenia o envelhecimento cerebral é de cerca de 2 anos, na diabetes tipo 2 é de 5 anos, e na doença de Alzheimer atinge os 9 anos”, descreve Miguel Castelo-Branco.
Os autores do estudo acreditam que este estudo pode abrir caminhos no diagnóstico do declínio cognitivo associado a estas enfermidades. Porque, na prática, vai ser possível “usar esta medida como um biomarcador útil no diagnóstico precoce de doenças neurodegenerativas”, conclui Miguel Castelo-Branco.
Fonte: Zap Aeiou