A Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) reafirmou o seu forte apoio aos esforços de resolução da dívida do Zimbabué, reconhecendo-a como uma prioridade regional fundamental para a integração económica e desenvolvimento do comércio em toda a África Austral.
Falando à margem das Reuniões de Primavera de 2025 do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, em Washington (EUA), o secretário executivo da SADC, Elias Magosi, sublinhou que a resolução dos desafios económicos do Zimbabué ultrapassa as fronteiras nacionais.
“Abordar os desafios económicos do Zimbabué não é apenas uma preocupação nacional, mas uma prioridade regional”, afirmou Magosi durante uma sessão de mesa-redonda, acrescentando que “o sucesso da transição económica do país terá benefícios de longo alcance em toda a região da SADC, reforçando o comércio, as infra-estruturas e os esforços de integração.”
A iniciativa de resolução da dívida do Zimbabué, facilitada pelo antigo Presidente moçambicano Joaquim Chissano e defendida pelo presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Akinwumi Adesina, visa liquidar os atrasados de longa data e voltar a envolver os credores internacionais. A acção faz parte do programa de reformas mais vasto do Governo zimbabueano, que visa restaurar a sustentabilidade orçamental e relançar o crescimento económico.
Desde o início da década de 2000, o Zimbabué tem-se debatido com dívidas crescentes na sequência de incumprimentos de empréstimos internacionais, agravadas pela má gestão económica e por problemas de governação. A situação agravou-se devido às sanções impostas pelas nações ocidentais por alegadas violações dos direitos humanos e irregularidades eleitorais, que visavam indivíduos e instituições específicas. A SADC tem apelado sistematicamente ao levantamento incondicional destas sanções, reafirmando a sua posição todos os anos em Outubro.
Magosi sublinhou a importância estratégica do Zimbabué na região, situada ao longo de três dos seis principais corredores de transporte da SADC – os corredores Norte-Sul, da Beira e de Maputo (Moçambique) – que, no seu conjunto, movimentam mais de 60% do volume de comércio do bloco.
O Zimbabué também desempenha um papel vital na conectividade regional das tecnologias de informação e no comércio de energia, acolhendo o Centro de Coordenação do Grupo de Energia da África Austral e servindo como um elo crucial na Rede Sem Fronteiras da SADC.
Congratulando-se com a disponibilidade dos credores internacionais e dos parceiros de desenvolvimento para dialogar, a SADC apelou a uma colaboração contínua para alcançar uma solução sustentável para a dívida. “O diálogo cara-a-cara promove a compreensão, facilita o consenso e permite o desenvolvimento de soluções que não só gozam de amplo apoio, mas também beneficiam a maioria das partes interessadas”, concluiu Magosi.
O êxito da resolução da crise da dívida do Zimbabué é considerado essencial não só para a recuperação nacional, mas também para acelerar a integração económica regional e garantir a prosperidade a longo prazo da SADC.
Fonte: Further Africa