A Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM) anunciou que, a partir das 15h30 do próximo dia 30 de Abril, todas as actividades nas unidades sanitárias do País serão suspensas durante cinco dias, caso o Governo não apresente um calendário claro para o cumprimento dos acordos anteriormente firmados.
A decisão foi comunicada em conferência de imprensa pelo presidente da APSUSM, Anselmo Muchave, que explicou que a nova fase da greve, denominada RSO, representa uma resposta à falta de progressos nas reivindicações apresentadas há cerca de três anos.
Entre os pontos principais do caderno reivindicativo constam a escassez de medicamentos e materiais médicos, a falta de camas hospitalares, a carência de alimentação para pacientes, o pagamento em atraso de horas extraordinárias e o ajustamento na Tabela Salarial Única (TSU).
“Nós entrámos numa fase chamada RSO, uma fase de mistura. Todas as unidades sanitárias estarão fechadas a partir das 15h30 do dia 30 de Abril até 5 de Maio”, declarou Muchave, sublinhando que a paralisação visa pressionar o Governo a dar resposta efectiva às condições precárias existentes nos hospitais e centros de saúde.
O líder sindical reforçou que a greve não se trata de um acto de confronto, mas de uma medida de defesa dos direitos dos profissionais e da melhoria dos serviços prestados à população. “Não estamos a mostrar um braço-de-ferro. Trata-se de um mecanismo de reivindicação legítima para assegurar condições dignas de trabalho e atendimento médico”, disse.
Muchave alertou para o impacto severo que a paralisação poderá ter na vida dos cidadãos, lembrando que muitos utentes enfrentam longas filas e mortes evitáveis devido à falta de medicamentos e atendimento adequado. “O Governo deve reconhecer a gravidade da situação e agir com responsabilidade. Um hospital fechado não é como uma escola que pode recuperar o tempo perdido”, acrescentou.
Sobre a narrativa oficial, que minimiza o alcance da greve, o presidente da APSUSM rejeitou as alegações governamentais de que apenas parte dos profissionais estaria a aderir à paralisação, classificando essas informações como falsas e desrespeitosas.
Caso as exigências não sejam atendidas até ao final da paralisação prevista, a associação admite avançar para uma nova fase de protestos, endurecendo ainda mais as medidas.
A APSUSM, que congrega cerca de 65 mil profissionais de saúde de diversas áreas, representa uma parte significativa da força de trabalho nas mais de 1700 unidades hospitalares existentes no País, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde.
Fonte: Agência de Informação de Moçambique