O secretário de Estado português dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Nuno Sampaio, afirmou, nesta sexta-feira (25), que Portugal está disponível para oferecer apoio técnico e a ser “voz de articulação” entre Moçambique e a União Europeia (UE) na implementação das reformas face ao diálogo político, noticiou a Lusa.
“Portugal está disponível para, quer a nível bilateral, quer através de diversas organizações multilaterais de que faz parte, apoiar este esforço de Moçambique para que essas reformas económicas e sociais possam ser colocadas em prática”, declarou o governante, ao fazer um balanço da sua visita ao País.
Contudo, os partidos moçambicanos com assento parlamentar e nas assembleias municipais e provinciais assinaram, a 5 de Março passado, um compromisso político com o Presidente da República, Daniel Chapo, visando reformas estatais que, posteriormente, foi transformado em lei pelo Parlamento.
A 23 de Março, Mondlane e Chapo encontraram-se pela primeira vez, tendo sido assumido um compromisso de acabar com a violência pós-eleitoral no País, embora, actualmente, críticas e acusações mútuas continuem nos posicionamentos públicos dos dois políticos.
O secretário de Estado português encontrou-se com Venâncio Mondlane, com partidos da oposição e com o Governo, e elogiou os esforços do País para manter a paz, referindo que Portugal sempre defendeu o diálogo para o fim da tensão política.
“Portugal está disponível para o suporte técnico em muitas áreas da nossa cooperação, temos até dado apoio financeiro, e estamos também disponíveis para sermos uma voz de coordenação entre a UE e Moçambique, para que o auxílio do bloco possa também ajudar nas várias áreas”, declarou, apontando, sobretudo, para a consolidação da democracia e das reformas económicas e sociais.
Sampaio salientou ter recebido de todas as forças políticas em Moçambique uma mensagem de um “espírito de diálogo bastante construtivo” no âmbito das reformas, para acabar com a tensão política, defendendo ser uma “oportunidade para que se consolide a paz e prosperidade.”

“Naturalmente, isso exigirá sempre que todos trabalhem em conjunto para tirar o melhor partido deste diálogo, que todos colaborem para realizar reformas económicas em benefício do povo de Moçambique”, afirmou o governante português.
No primeiro dia da visita a Moçambique, na quarta-feira (23), Sampaio reuniu-se com a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e Comunidades Moçambicanas no Exterior, Maria Manso.
“O Governo de Portugal quer reiterar todo o seu apoio ao desenvolvimento de Moçambique, toda a sua esperança no novo ciclo. Portugal, a nível técnico, está disponível para ser o parceiro do Governo de Moçambique neste ciclo de reformas”, declarou à comunicação social o diplomata, momentos após a reunião.
Quase 400 pessoas perderam a vida em confrontos com a polícia durante os protestos pós-eleitorais, de acordo com dados de organizações da sociedade civil, que também resultaram em pilhagens e na destruição de empresas e infra-estruturas públicas e privadas.
O Governo confirmou anteriormente, pelo menos, 80 mortes, além da destruição de 1677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias durante as manifestações.