Teve início esta quarta-feira, 23 de Abril, em Maputo, a 4.ª Conferência Empresarial de Energias Renováveis em Moçambique (RENMOZ), que reúne representantes do Governo, parceiros internacionais e empresários, com o objectivo de debater o futuro energético do País. O evento assinala uma nova etapa no compromisso com a transição para fontes de energia limpa e sustentável.
Na sessão de abertura, o secretário permanente do Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME), António Manda, destacou o simbolismo da conferência, que ocorre numa fase crucial de renovação política e institucional. “Este evento surge num momento peculiar em que iniciamos um novo ciclo de governação. A nossa presença aqui demonstra o compromisso do Governo em encontrar, em conjunto com os parceiros, soluções concretas para acelerar o desenvolvimento energético sustentável de Moçambique”, declarou.
António Manda enfatizou que o País possui uma matriz energética reconhecidamente limpa no contexto africano, com mais de 65% da electricidade proveniente de fontes renováveis. Entre os recursos energéticos disponíveis, Moçambique conta com um elevado potencial hídrico, solar, eólico e de biomassa, bem como reservas significativas de gás natural — este último visto como vector de transição energética.
“Alcançámos até 2024 uma taxa de acesso à energia de 69%, e o nosso objectivo é continuar a expandir o acesso até 2040, através de investimentos robustos e soluções inovadoras”, avançou o dirigente. António Manda anunciou também que o Governo está a finalizar a regulamentação da nova Lei da Electricidade, bem como a introdução de mecanismos para facilitar a participação do sector privado, nomeadamente através de parcerias público-privadas.
UE destaca Moçambique como parceiro estratégico
O embaixador da União Europeia no País, Antonino Maggiore, reiterou o compromisso da UE em apoiar as reformas estruturais em curso no País, salientando que a energia é uma das áreas prioritárias da cooperação. “Estamos aqui para reforçar uma parceria que não é apenas baseada em palavras, mas em acções concretas e resultados. A transição energética é central na nossa estratégia conjunta”, afirmou.
“Este evento surge num momento peculiar em que iniciamos um novo ciclo de governação. A nossa presença aqui demonstra o compromisso do Governo em encontrar, em conjunto com os parceiros, soluções concretas para acelerar o desenvolvimento energético sustentável de Moçambique”, António Manda
Maggiore falou da iniciativa Global Gateway, a nova estratégia da União Europeia que visa mobilizar investimento para infra-estruturas sustentáveis nos países parceiros. “Queremos fazer parte do desenvolvimento económico de Moçambique, num modelo de benefício mútuo para ambos os lados – para os cidadãos moçambicanos e para os investidores europeus”, disse.
O diplomata revelou ainda que, em 2026, será organizado em Moçambique o segundo Fórum Económico Moçambique-União Europeia, onde a energia e as parcerias sustentáveis estarão novamente no centro do debate.
Cooperação internacional elogia alinhamento e coordenação
A embaixadora da Suécia, Mette Sunnergren, também presente na sessão inaugural, destacou a importância do alinhamento entre doadores, parceiros de desenvolvimento e instituições nacionais como elemento-chave para garantir a eficácia dos investimentos e maximizar os resultados. “Quando trabalhamos de forma coordenada, reduzimos custos, aumentamos a eficiência e promovemos uma cooperação mais impactante”, referiu, sublinhando o papel estratégico da RENMOZ enquanto espaço de convergência de esforços.
“Queremos fazer parte do desenvolvimento económico de Moçambique, num modelo de benefício mútuo para ambos os lados – para os cidadãos moçambicanos e para os investidores europeus”, Antonino Maggiore
Já Mayra Perreira, presidente da ALER (Associação Lusófona de Energias Renováveis), chamou a atenção para o papel essencial do sector privado e da juventude moçambicana na construção de um sistema energético moderno e inclusivo. “Este sector não se move apenas por necessidade, mas por visão, colaboração e conveniência. Precisamos de todos os actores para garantir que o novo sistema energético seja justo e resiliente”, afirmou.
Ao longo dos dois dias de conferência, decorrem sessões paralelas, fire talks (discussões), encontros entre investidores e projectos e uma exposição interactiva de soluções tecnológicas. A RENMOZ-2025 tem como objectivo principal não só discutir o potencial do País, mas também catalisar decisões e parcerias que conduzam a acções concretas. A conferência conta com a participação de dezenas de representantes de empresas nacionais e internacionais, instituições financeiras, organizações da sociedade civil e entidades governamentais.
Texto: Nário Sixpene