O Presidente da República, Daniel Chapo, voltou esta terça-feira, 22 de Abril, a apelar à paz e à união nacional, durante um comício realizado no distrito de Moatize, na província de Tete, onde criticou veementemente os actos de violência ocorridos após as eleições de 9 de Outubro do ano passado, responsabilizando o ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane por convocar manifestações “violentas e criminosas” antes mesmo da divulgação oficial dos resultados.
“Os resultados foram divulgados no dia 24 de Outubro. O responsável acordou, convocou as manifestações violentas, ilegais, criminosas, para o dia 21 de Outubro, antes da divulgação dos resultados”, afirmou Chapo perante centenas de populares, no âmbito da sua visita de quatro dias à província.
Venâncio Mondlane, que se declarou vencedor antecipadamente e rejeitou os resultados do escrutínio, liderou a maior onda de contestação eleitoral desde a introdução do multipartidarismo em 1994. De acordo com dados de organizações da sociedade civil, os protestos resultaram na morte de cerca de 390 pessoas, além de pilhagens e destruição de infra-estruturas públicas e privadas.
Apesar do clima de tensão vivido nos últimos meses, o chefe de Estado recordou que, no dia 23 de Março, teve lugar um primeiro encontro entre ele e Mondlane, onde ambos assumiram o compromisso de cessar a violência e trabalhar pela estabilização do País.

Durante o seu discurso, o Presidente da República reiterou a importância de respeitar as instituições, particularmente aquelas que tratam de matérias eleitorais, criticando Mondlane por ter convocado manifestações antes da contagem oficial dos votos. “Declara-se vencedor antes da contagem dos votos, convoca manifestações violentas antes da divulgação dos resultados. Isso demonstra que os acontecimentos foram planeados com antecedência, independentemente do desfecho eleitoral”, sublinhou.
Apelando à reconciliação, Chapo reforçou a importância da coesão social para o desenvolvimento do País. “Vamos todos nos juntar a esta chama, o calor da unidade nacional, para juntos rejeitarmos a violência, o ódio, e promovermos a paz, a reconciliação e o amor ao próximo”, disse.
A intervenção do Presidente ocorre no contexto do trajecto da Tocha da Unidade Nacional, iniciativa lançada a 7 de Abril, que está a percorrer o País desde o norte até Maputo, onde chegará a 25 de Junho para assinalar os 50 anos da independência de Moçambique.
Texto: Lusa