A presidência de Donald Trump está a afectar o investimento da China em África, mas a pausa não significa um recuo definitivo, segundo o economista Carlos Lopes. O especialista acredita que a China fará uma pausa estratégica nos seus investimentos, adoptando uma abordagem de “esperar para ver”, devido às mudanças nas políticas de Trump, especialmente em relação à Iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” (BRI).
Lopes, especialista em economia e governação africanas e antigo director da Comissão Económica das Nações Unidas para África, explicou que o plano a longo prazo da China foi estruturado com base em parâmetros específicos que agora foram alterados pelas decisões de Trump. “Eles vão fazer uma pausa, porque querem saber exactamente como a situação vai evoluir”, disse o economista ao The Africa Report.
Entre outras questões, as declarações de Trump sobre a fusão com o Canadá, a compra da Gronelândia e as alianças com a Rússia indicam a sua intenção de controlar a rota marítima do Ártico, uma alternativa mais rápida e rentável. Esse movimento afecta directamente as ambições da China para a BRI, enquanto Trump impôs uma tarifa de 145% sobre as importações chinesas para os Estados Unidos da América (EUA).
A China começou a reduzir as suas actividades em África no ano passado, quando se tornou claro que Trump iria vencer as eleições presidenciais dos EUA. Durante este período, os investimentos do Médio Oriente em África aumentaram significativamente. “É uma mudança tão dramática quanto a retirada de outros investidores”, comentou Lopes, referindo-se à mudança na dinâmica dos investimentos.
Em Dezembro de 2024, o The Guardian noticiou que os Emirados Árabes Unidos (EAU) se tinham tornado o maior investidor em África, ultrapassando a China. As empresas dos EAU anunciaram 110 mil milhões de dólares em novos projectos no continente entre 2019-23, mais do que o dobro do valor prometido por empresas da China, Reino Unido e França.
Este aumento no investimento do Médio Oriente demonstra como o panorama dos financiamentos em África está a mudar, à medida que as estratégias globais ganham novas direcções com a governação de Trump.
Fonte: The Africa Report