A Associação Moçambicana das Energias Renováveis (AMER) estimou, esta sexta-feira (18), que o País precisará de 80 mil milhões de dólares (mais de 5 biliões de meticais) até 2050 para financiar a sua estratégia de transição energética para fontes renováveis, informou a Lusa.
O presidente da AMER, Ricardo Pereira, destacou que será necessário um esforço financeiro contínuo a cada ano para atingir esse objectivo. O montante será destinado principalmente a projectos de construção de infra-estruturas e à expansão da rede de distribuição de energia no País.
Pereira acrescentou que a Electricidade de Moçambique já mobilizou pelo menos 323 milhões de dólares (20,4 mil milhões de meticais) para a expansão das infra-estruturas eléctricas em várias regiões do País. “Este investimento visa melhorar a capacidade de distribuição de energia, mas ainda será necessário muito mais para alcançar as metas de transição energética”, salientou.
A AMER também informou que, no caso da energia fora da rede, estão disponíveis cerca de 2,7 mil milhões de dólares (170,6 mil milhões de meticais) para a transição energética. Este financiamento provém de várias fontes, incluindo assistência técnica e directa.
Embora o desafio financeiro seja significativo, o sector das energias renováveis em Moçambique apresenta boas perspectivas de crescimento. “Temos o potencial e os recursos em energia solar, eólica e hídrica suficientes para satisfazer não só as nossas necessidades internas, como também as de alguns dos nossos países vizinhos”, avançou o presidente da AMER, ressaltando o grande potencial de Moçambique para o desenvolvimento dessas fontes de energia.
Em 2024, a produção de electricidade a partir de parques solares cresceu 18,6%, mas ainda representa menos de 1% da produção total de energia no País. Segundo o Relatório de Execução Orçamental de 2024, a produção de electricidade nos cinco maiores parques solares de Moçambique, juntamente com outras centrais menores, ultrapassou os 101,2 mil megawatts por hora (MWh), comparado com 85,3 mil MWh em 2023.
Apesar desse crescimento, a contribuição dos parques solares para a produção total de electricidade ainda é muito pequena, representando apenas 0,5%. A produção de energia continua a ser dominada pelas hidroeléctricas, com a Hidroeléctrica de Cahora-Bassa a liderar, tendo sido responsável por 81,7% da produção total de electricidade do País até Dezembro de 2024.