A agência de notação financeira Fitch Ratings prevê que a economia mundial cresça menos de 2% este ano, devido ao impacto da “grave escalada da guerra comercial” entre os Estados Unidos da América (EUA) e a China.
Numa actualização especial do relatório trimestral sobre a economia global, divulgada nesta quarta-feira (16), a Fitch sublinhou que um crescimento inferior a 2% seria o valor mais fraco desde 2009, excluindo o período da pandemia de covid-19.
A agência “reduziu drasticamente” as previsões feitas em Março, incluindo o corte de 0,4 pontos percentuais no crescimento mundial e em 0,5 pontos percentuais o crescimento tanto dos EUA como da China. A Fitch espera que a economia norte-americana cresça 1,2% em 2025, mas alertou que irá abrandar ao longo do ano, para apenas 0,4% no último trimestre.
A Fitch reviu em alta, para mais de 4%, a previsão para a inflação nos EUA, “o que implica uma estagnação dos salários reais.”
A enorme incerteza política está a prejudicar as perspectivas de investimento empresarial, a queda dos preços das acções está a reduzir a riqueza das famílias e os exportadores dos EUA serão atingidos por retaliações”, alertou.
Quanto à zona euro, a agência prevê que o crescimento fique “muito abaixo” de 1%, enquanto a economia da China deverá crescer menos de 4% tanto este ano como em 2026, abaixo da meta de 5% fixada por Pequim.
A economia da China cresceu “mais rapidamente do que o esperado” em 2024, mas o comércio líquido foi responsável por um terço do crescimento, sublinhou a Fitch, acrescentando que “isto diminuirá drasticamente à medida que os exportadores se esforçam por redireccionar as vendas no curto prazo.”

Os aumentos das tarifas impostas pelos Estados Unidos às importações, anunciados por Donald Trump, “foram muito piores do que o esperado”, admitiu a Fitch, referindo que “é difícil prever a política comercial norte-americana com alguma confiança, mas agora assumimos que a taxa média das taxas efectivas dos EUA sobre a China permanecerá acima dos 100% durante algum tempo, antes de cair para 60% no próximo ano.”
A Fitch espera que as tarifas dos EUA sobre outros parceiros comerciais, incluindo a União Europeia, rondem os 15%.
O relatório reviu também em baixa a expectativa para o crescimento económico do Brasil, que deverá ficar por 1,8% tanto em 2025 como em 2026, menos 0,1 pontos percentuais do que na previsão de Março.
Há duas semanas, a Fitch já tinha alertado que muitos países deverão cair em crise económica após os EUA terem imposto tarifas a níveis vistos pela última vez por volta de 1910: “Isto muda as regras do jogo, não apenas para a economia norte-americana, mas para a global. Muitos países provavelmente acabarão em recessão”, enfatizou o chefe de análise económica da Fitch nos EUA, Olu Sonola.
Fonte: Lusa