Na semana passada, o DE informou que sector privado defendia o adiamento de uma discussão para Agosto sobre o reajuste salarial, alegando que qualquer aumento neste momento poderia elevar os custos operacionais das empresas até 4%. Ademais, têm sido veiculadas notícias que dão conta que os trabalhadores reivindicam um aumento entre 5% e 9% no salário, mas o sector privado recusou.
Na terça-feira, 15 de Abril, o presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Agostinho Vuma, durante uma conferência de imprensa por si convocada, explicou que o adiamento das negociações sobre o salário mínimo se prende com o facto de o diálogo social dever produzir resultados com impacto real na vida dos trabalhadores e sustentabilidade para as empresas.
“Onde foram negociados estes 9% se as negociações ainda não começaram?”, questionou Vuma, reiterando que ainda não houve um início formal do processo negocial, ao contrário do que tem sido noticiado. “Sugerimos que as negociações fossem adiadas para Agosto próximo. O nosso grande objectivo é aprovar aumentos salariais que façam diferença no bolso do trabalhador”, reiterou.
Vuma criticou aumentos salariais simbólicos, afirmando: “Há muita ansiedade quando ouvimos falar de aumentos de 9%, mas às vezes é para falar de 100 meticais”, disse, acrescentando não fazer sentido “perder tempo a negociar centavos.” O responsável sublinhou também a importância de se rever a fórmula de cálculo do salário mínimo, sobretudo no sector privado.

O responsável pela CTA salientou ainda que aumentos desajustados à realidade económica poderão agravar o desemprego. “Não queremos impor às empresas um salário impraticável e engrossar a fileira dos 17 mil postos de trabalho que já foram perdidos”, disse.
Na mesma ocasião, Agostinho Vuma mostrou-se esperançoso quanto à retoma da economia, apontando como sinais positivos a Decisão Final de Investimento no projecto Coral Norte e os diversos pacotes de recuperação económica em curso. “Em Agosto, poderemos reavaliar a situação e, quem sabe, avançar para uma negociação que marque a diferença nos ordenados dos trabalhadores”, referiu.
Vuma abordou também a participação de empresas nacionais nos grandes projectos, como o Coral Norte. “Saudamos a inclusão de empresas nacionais como a EMODRAGA (Empresa Moçambicana de Dragagens) e a CFM Logistics. É através destas que as PME poderão beneficiar de ligações empresariais”, disse.
O presidente da CTA defendeu a criação de uma lei que garanta a participação de empresas e quadros moçambicanos em todos os grandes projectos, evitando a necessidade de sucessivos decretos. “Imaginem se o Governo quiser incluir moçambicanos noutro projecto. Teria de emitir um novo decreto. Com uma lei, evitamos isso”, afirmou.
Texto: Nário Sixpene