A Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) voltou, este domingo, 13 de Abril, a cancelar voos domésticos, desta vez na rota entre Maputo e Quelimane, devido a mais uma avaria registada numa das suas aeronaves – uma situação que se tem repetido nas últimas semanas, evidenciando os persistentes problemas operacionais da transportadora estatal.
De acordo com um comunicado, a avaria foi detectada momentos antes da descolagem no Aeroporto Internacional de Maputo. “Por forma a garantir a segurança operacional da aeronave, a mesma foi remetida à intervenção da equipa técnica”, justificou a companhia.
O episódio junta-se a outros semelhantes ocorridos recentemente. A 4 de Abril, a LAM já havia cancelado voos com destino à Cidade do Cabo, Tete e Quelimane, igualmente devido à “indisponibilidade de uma das aeronaves.”
A empresa estatal, actualmente em processo de reestruturação, enfrenta há vários anos uma crise operacional marcada por uma frota reduzida, escassez de investimentos e registos de incidentes – não fatais – que especialistas atribuem à fraca manutenção das aeronaves.
No final de Março, uma aeronave da LAM colidiu com aves durante o voo, sendo forçada a regressar ao aeroporto de Maputo devido aos danos sofridos. Foi o segundo incidente do género registado na mesma semana, resultando igualmente no cancelamento de voos.
Na tentativa de reforçar a frota e ultrapassar estes constrangimentos, a LAM lançou, a 31 de Janeiro, um procedimento para a contratação de aeronaves dos modelos Embraer ERJ190 e Boeing 737-700. O concurso previa a submissão de manifestações de interesse por parte de empresas ou consórcios nacionais e estrangeiros até 7 de Fevereiro. Até à data, contudo, não são ainda conhecidos os resultados do processo.
Uma fonte da companhia aérea adiantou que o concurso não estipulava o número de aeronaves a contratar, estando a decisão dependente das propostas submetidas.
Como parte da sua reestruturação, desde Fevereiro que a LAM passou a operar apenas voos domésticos, mantendo a Cidade do Cabo como único destino internacional. A medida insere-se numa estratégia de contenção face às dificuldades financeiras da empresa.
Em Janeiro deste ano, a companhia devolveu à Indonésia uma aeronave cargueira Boeing 737-300, após mais de um ano sem operar por falta de certificação nacional e pelo facto de as modificações da aeronave – convertida de transporte de passageiros para carga – não terem sido reconhecidas pelo fabricante.
“Foi verificado que nem todos os documentos necessários para este tipo de certificação estavam completos”, explicou João de Abreu, presidente do Conselho de Administração do Instituto de Aviação Civil de Moçambique (IACM), confirmando a devolução do avião que permaneceu em solo nacional entre 31 de Dezembro de 2023 e 18 de Janeiro de 2025.
Este cenário de sucessivos cancelamentos, avarias e limitações operacionais levanta preocupações sobre a fiabilidade e sustentabilidade da companhia aérea nacional, num momento em que o País procura revitalizar o sector dos transportes e garantir uma conectividade aérea segura e eficiente.