Vivemos na era da conveniência e do consumo instantâneo. Queremos tudo, agora, sem esforço, sem complexidade e sem pensar nas consequências. O problema? Este facilitismo tem um custo ambiental gigantesco.
A sustentabilidade não pode ser apenas um tema debatido em fóruns internacionais ou uma tendência explorada por marcas em campanhas publicitárias. Ela precisa de ser um compromisso real, assumido por governos, empresas e indivíduos. O nosso planeta já dá sinais claros de esgotamento e o consumo desmedido, o desperdício de recursos e a falta de políticas eficazes só aceleram essa crise ambiental.
De quem é a responsabilidade?
Costumamos apontar o dedo às grandes empresas e aos governos, mas a realidade é que todos temos um papel a desempenhar. Se há procura, há oferta. Enquanto consumidores, temos o poder de influenciar o mercado. Cada compra que fazemos é um voto no tipo de mundo que queremos construir. Mas será que estamos realmente conscientes do impacto das nossas escolhas? O documentário Buy Now! The Shopping Conspiracy, lançado em Novembro de 2024 e disponível na Netflix, lança um alerta importante.
Ao expor estratégias de marketing de gigantes como Adidas, Apple e Amazon, mostra como o consumismo está a destruir recursos, a aumentar o desperdício e a alimentar um ciclo insustentável de produção e descarte.
A mudança não depende apenas das marcas, depende de cada um de nós: consumir menos, reutilizar mais e exigir transparência
A questão é: até quando é que vamos sustentar este modelo destrutivo?
O papel para lá do “greenwashing”
Muitas marcas já perceberam que sustentabilidade vende. Mas há uma diferença entre compromisso real e marketing oportunista. O consumidor actual está mais atento e já consegue distinguir uma iniciativa genuína de um discurso vazio.
A sustentabilidade não pode ser tratada como uma campanha publicitária ou um rótulo bonito na embalagem. Tem de fazer parte do ADN da empresa, desde a criação do produto até ao descarte. Isso significa:
- Reduzir o impacto ambiental na produção;
- Garantir condições dignas ao longo da cadeia de valor;
- Criar produtos duráveis e reutilizáveis;
- Educar o consumidor sobre consumo consciente.
E o marketing? O marketing sustentável não é apenas comunicar valores ecológicos – é garantir que as empresas os vivem de verdade. Como gestora de marketing, sinto que tenho a responsabilidade de garantir que desenvolvo produtos com impacto reduzido. Se, no passado, a preocupação era apenas criar e satisfazer necessidades de consumidores, hoje o “como” tornou-se tão importante como “o quê”. É urgente que a inovação esteja alinhada com a preservação ambiental.
A verdade é que sustentabilidade já não é um factor de diferenciação competitivo – é uma obrigação para marcas que querem continuar relevantes no mercado.

O futuro exige um compromisso real
A transição para um modelo económico sustentável não é apenas uma escolha inteligente – é a única escolha possível. Governos estão a apertar regulações, como o Acordo de Paris, adoptado em 2015, e os consumidores estão cada vez mais exigentes. Empresas que não se adaptarem ficarão para trás.
Mas a mudança não depende apenas das marcas, depende de cada um de nós: consumir menos, reutilizar mais e exigir transparência são atitudes essenciais. Porque, no final, quem paga o preço do nosso consumo inconsciente? O meio ambiente. Se não mudarmos agora, em breve a factura será insuportável. A sustentabilidade não é tendência, é o único caminho para marcas que querem existir amanhã.
Como marketeer, defendo que a sustentabilidade é o futuro do marketing. Marcas que cuidam do planeta conquistam gerações e corações!