O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) apresentou uma estimativa de mais de cinco mil crianças terem sido deslocadas em Fevereiro deste ano, devido a ataques e à ameaça terrorista na província de Cabo Delgado, na região Norte de Moçambique.
“Em Fevereiro, mais de nove mil pessoas, das quais mais de cinco mil crianças, foram deslocadas em Cabo Delgado, principalmente devido a ataques ou medo de ataques de actores não estatais armados nos distritos de Macomia e Meluco”, avançou a entidade por meio de um relatório divulgado nesta quarta-feira, 9 de Abril.
De acordo com a Unicef, as populações refugiaram-se em locais de deslocamento e em cinco distritos da província, sendo que, para responder à insegurança armada registada, foram distribuídos ‘kits’ essenciais, que incluem colchões e roupas, a quase 300 crianças deslocadas.
“Além disso, o Dia da Mão Vermelha [contra o uso de crianças como soldados] foi comemorado em Cabo Delgado, chegando a mais de 1700 crianças e adolescentes com mensagens sobre os perigos do recrutamento e sequestro, ao mesmo tempo que promove o diálogo comunitário”, sublinhou.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques perpetrados por grupos extremistas islâmicos na província, representando um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo dados divulgados recentemente pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano especializada na análise de conflitos em África.
O mais recente grande ataque ocorreu nos dias 10 e 11 de Maio de 2024, quando cerca de uma centena de insurgentes invadiu e saqueou a sede distrital de Macomia, resultando em várias mortes e intensos combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, apoiadas por tropas do Ruanda, que prestam assistência ao País no combate aos rebeldes.