Os países africanos estão a aproveitar parcerias estratégicas para atrair investimentos e fortalecer os seus sectores mineiros. À medida que a competição por minerais essenciais entre potências ocidentais e orientais aumenta, África torna-se um actor-chave nas cadeias de abastecimento globais. O continente equilibra os interesses geopolíticos e maximiza os benefícios económicos, com destaque para a crescente importância da mineração na transição energética e na Quarta Revolução Industrial.
Este mês, os Estados Unidos da América (EUA) reafirmaram o seu interesse em colaborar com a República Democrática do Congo (RDC) para explorar os seus recursos minerais. Estima-se que a RDC possua 1,2 biliões de dólares em minerais inexplorados. A cooperação entre os dois países pode transformar o sector, com o financiamento e o know-how dos EUA a desbloquearem o potencial do maior produtor mundial de cobalto e do maior produtor africano de cobre.
UE alarga investimentos no sector mineiro e nas energias verdes
Além disso, a União Europeia (UE) também anunciou este mês um investimento de 4,7 mil milhões de euros para apoiar o sector mineiro da África do Sul. O financiamento será utilizado para aumentar o valor das matérias-primas, promover a transição energética e apoiar a produção de hidrogénio verde. A África do Sul, com os maiores depósitos mundiais de metais do grupo da platina, irá fortalecer a produção desses metais para responder à crescente procura por electrolisadores usados no hidrogénio verde.
Em 2023, a África do Sul firmou uma parceria de mil milhões de dólares com a Dinamarca e os Países Baixos para impulsionar o hidrogénio verde. A Namíbia também foi beneficiada com um investimento europeu, com a UE, que se comprometeu a atribuir 25 milhões de euros ao Namibia Hydrogen Fund Managers em Setembro do ano passado, para desenvolver o sector do hidrogénio verde no país.
O Uganda, por sua vez, está a avançar com o desenvolvimento do seu sector mineiro com o apoio da UE e do Ministério Federal da Cooperação Económica e do Desenvolvimento da Alemanha. O país lançou recentemente um projecto de desenvolvimento sustentável do sector mineiro, com o objectivo de impulsionar o crescimento e a eficiência do mesmo.
A China reforça a sua posição no sector mineiro africano
A China continua a ser um dos maiores investidores no sector mineiro africano, com empresas estatais e privadas a impulsionarem o crescimento da indústria. Em Setembro de 2024, a China prometeu um investimento de 50 mil milhões de dólares ao longo de três anos para o desenvolvimento de infra-estruturas e mineração no continente africano.
Na RDC, projectos de grande envergadura, como a expansão da mina de Tenke Fungurume, no valor de 2,5 mil milhões de dólares, e o acordo de 7 mil milhões de dólares entre a Sinohydro e a China Railway, estão a promover a exploração de minérios de cobre e cobalto. A China tem também investido no sector do lítio do Zimbabué e na modernização da linha férrea de Tazara, impulsionando as exportações de minerais da África Oriental.
O interesse global crescente no sector mineiro africano
A crescente presença de países como Canadá, Austrália e Emirados Árabes Unidos também está a impulsionar o investimento no sector mineiro africano. O Canadá expande a sua presença no sector do ouro na África Ocidental, enquanto a Austrália apoia projectos de lítio e terras raras na África Austral. Já os Emirados Árabes Unidos asseguram participações estratégicas nas cadeias de abastecimento de minerais essenciais através de joint ventures.
A Semana Africana das Minas, que terá lugar de 1 a 3 de Outubro na Cidade do Cabo, África do Sul, será uma plataforma importante para que os países africanos possam envolver investidores globais, fortalecer a cooperação e acelerar o desenvolvimento de recursos naturais essenciais para o futuro económico do continente.
Fonte: Energy Capital & Power