O declínio significativo no transporte rodoviário de carga na África do Sul está a afectar directamente o movimento de mercadorias no Porto de Maputo, um dos principais corredores logísticos da região.
De acordo com a transportadora Ctrack Transport and Freight Index (TFI), a actividade no sector rodoviário sul-africano registou uma contracção de 8,3% em 2024, reflexo de uma combinação de factores que incluem a crise económica, ineficiências nos portos sul-africanos e mudanças estratégicas na logística regional. Como consequência, o volume de carga transportada pela Estrada Nacional N4, principal via de ligação entre os dois países, tem vindo a diminuir, impactando directamente as operações portuárias em Moçambique.
Esta redução não se deve apenas às dificuldades internas da economia sul-africana, mas também à instabilidade política que se seguiu às eleições em Moçambique, resultando em atrasos operacionais e menor fluxo de camiões na fronteira de Lebombo/Ressano Garcia.
Além disso, as dificuldades enfrentadas pelos portos da África do Sul têm levado muitas empresas a procurar alternativas logísticas noutros países, embora o Porto de Maputo ainda enfrente desafios estruturais que limitam a sua capacidade de absorver grandes volumes de mercadorias de forma eficiente.
Especialistas apontam que, para que Moçambique se consolide como um centro logístico mais atractivo, será essencial modernizar a infra-estrutura portuária e melhorar a gestão das operações fronteiriças. A expansão dos terminais, aliada à digitalização dos processos alfandegários, pode aumentar a eficiência e a rapidez no escoamento das cargas, tornando o porto mais competitivo.
Apesar do declínio no transporte rodoviário, o sector ferroviário apresenta sinais de recuperação, com um crescimento de 3,9% em 2024. Esta tendência pode representar uma oportunidade para o Porto de Maputo, que poderia beneficiar de um maior fluxo de mercadorias transportadas por via férrea a partir da África do Sul. Para isso, será necessário um investimento estratégico na infra-estrutura ferroviária, permitindo a diversificação das rotas e reduzindo a dependência do transporte rodoviário.
A crise logística que se desenha é um alerta para a necessidade de adaptação e inovação no sector dos transportes na região. Se Moçambique conseguir fortalecer a sua infra-estrutura ferroviária e modernizar os seus portos, poderá emergir como um ponto-chave no comércio regional, atraindo novos parceiros e consolidando-se como alternativa viável face aos desafios logísticos sul-africanos.
Nos próximos meses, a resposta do Governo e do sector privado será determinante para definir o futuro do Porto de Maputo. A capacidade do País em adaptar-se a este cenário poderá ser crucial para garantir a sua posição no comércio internacional e fortalecer a sua economia.
Fonte: Engineering News