O Fundo Monetário Internacional (FMI) revelou que a África do Sul poderá alcançar uma taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 3%, desde que continue a implementar reformas estruturais nos sectores da electricidade, da logística e na capacitação das empresas. A previsão foi feita pela representante sénior residente do organismo para a África do Sul, Tidiane Kinda, esta terça-feira, 11 de Março, durante a apresentação do relatório anual da organização.
O FMI realizou consultas anuais com o Governo sul-africano e outras partes interessadas, entre 11 e 25 de Novembro do ano passado. O objectivo era recolher informações sobre a evolução económica e discutir as políticas fiscais e económicas do país, culminando na publicação do relatório sobre a situação económica e política da África do Sul a 30 de Janeiro de 2025.
O crescimento do PIB sul-africano registou uma taxa modesta de 0,7% em 2023, enquanto a inflação foi de 5,9%. Este desempenho é considerado insuficiente para reduzir significativamente a desigualdade e o desemprego no país, de acordo com o FMI, que afirma que, se o Governo não der prioridade às reformas em sectores-chave, a nação poderá registar um crescimento do PIB de 1,5% este ano e de 1,8% até 2030.
Kinda alertou para os riscos internos do país, como a implementação lenta de reformas estruturais e fiscais. Outros desafios incluem o aumento dos custos de financiamento e a persistência do desemprego, que dificultam o progresso da economia. Além disso, o rácio da dívida pública em relação ao PIB alcançou um máximo histórico de 75,1% em Setembro de 2024.
FMI recomenda consolidação orçamental mais ambiciosa para a África do Sul
Os riscos externos também são uma preocupação. O FMI citou a fragmentação geoeconómica e as políticas proteccionistas, bem como a volatilidade nos mercados financeiros, como factores que podem impactar a economia sul-africana. A desaceleração de economias como a da China pode reduzir a procura das exportações da África do Sul e afectar os preços das matérias-primas.
Para garantir a sustentabilidade financeira, o FMI recomendou uma consolidação orçamental mais ambiciosa, sugerindo uma redução da dívida pública em 1% do PIB por ano, durante três anos consecutivos. A organização também propôs a introdução de uma regra orçamental para limitar o crescimento da dívida e a melhoria na gestão dos projectos de receitas.
Além disso, o organismo internacional sugeriu a redução dos custos de funcionamento das empresas públicas, que desde 2008 custaram perto de 5% do PIB. A proposta inclui a racionalização de salários e pessoal, o combate ao desperdício de despesas e a alienação de activos não essenciais, a fim de concentrar recursos nos mandatos principais das empresas públicas.
Por fim, o FMI recomendou que o Governo da África do Sul continue a implementar reformas no sector energético e na logística e crie um ambiente mais favorável para as empresas, especialmente as PME. A organização também sugeriu melhorias na governação, com destaque para a protecção dos denunciantes e a independência da Procuradoria-Geral da República.
Fonte: Engineering News