O ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane e o seu assessor directo, Dinis Tivane, encontram-se em Gaberone, na República do Botsuana, onde têm mantido diversos encontros políticos e institucionais. Entre as reuniões realizadas, destaca-se o encontro com o ex-Presidente do Botsuana, Seretse Khama Ian Khama, que governou o país entre 2008-18.
A reunião ocorre num momento em que Mondlane enfrenta uma polémica em Moçambique devido à sua convocação pela Procuradoria-Geral da República (PGR), onde deverá prestar declarações na próxima segunda-feira, 10 de Março. O político é suspeito de incitação à desobediência e outros crimes, no contexto das manifestações registadas no País após as eleições gerais de 2024.
Seretse Khama Ian Khama, filho do primeiro Presidente do Botsuana, abandonou o poder em 2018 e, posteriormente, entrou em conflito com o seu sucessor, Mokgweetsi Masisi. Acusado de posse ilegal de armas de fogo, chegou a ter contra si um mandado de captura emitido pelos tribunais do Botsuana. Apesar disso, manteve-se activo no cenário político e tem denunciado perseguições contra si.
A aparição pública de Venâncio Mondlane ao lado de Ian Khama levantou novas especulações e serviu para contestar os rumores divulgados em plataformas mediáticas moçambicanas que sugeriam que o político teria fugido do País para evitar responder à PGR.
Desde que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) reconheceu Mondlane como o segundo candidato mais votado nas eleições presidenciais de 2024, ele passou a integrar o Conselho de Estado, conforme estipulado no artigo 163 da Constituição da República de Moçambique (CRM). Esta posição concede-lhe imunidades e prerrogativas protocolares, protegendo-o de determinadas acções judiciais sem o cumprimento de requisitos legais específicos, conforme o artigo 164, número 3 da Constituição.
Apesar disso, alguns sectores próximos ao regime continuam a argumentar que Mondlane poderá ser responsabilizado pelos episódios de violência ocorridos durante as manifestações pós-eleitorais, uma narrativa que não condiz com o discurso recente do Presidente da República, Daniel Chapo, que defendeu um diálogo político inclusivo para abordar reformas estruturais no país.
A deslocação de Mondlane ao Botsuana surge, portanto, num momento estratégico, e a sua reunião com Ian Khama pode ser interpretada como um sinal de reforço de alianças internacionais e afirmação política num contexto de elevada tensão em Moçambique.
Fonte: Integrity Magazine