Decorreu na quarta-feira, 5 de Março, o 2.º Fórum Bianual de Energia Fora da Rede em Moçambique, que reuniu mais de 130 especialistas, investidores, representantes do Governo e organizações do sector para discutir soluções inovadoras que impulsionem o acesso à energia sustentável no País, informou a Associação Moçambicana de Energias Renováveis (AMER) através de um comunicado.
Organizado pelo Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME), através da Unidade Integrada de Planificação e Coordenação de Electrificação (UIPCE), em parceria com a AMER, o evento destacou o papel das energias renováveis, das políticas públicas alinhadas ao contexto do mercado e do financiamento sustentável para promover a electrificação rural e o desenvolvimento socioeconómico do País.
Durante a sessão de abertura, a directora Nacional de Energia (DNE), Marcelina Mataveia, destacou a dedicação do Governo em estabelecer mecanismos regulatórios para impulsionar o sector. “A nossa missão não é apenas garantir acesso à energia, mas criar um futuro energético que respeite o meio ambiente e promova o desenvolvimento económico e social. A energia é, sem dúvida, um motor de progresso, e é nosso dever garantir que este esteja acessível a todos”, afirmou.

Por sua vez, o presidente da AMER, Ricardo Pereira, realçou a importância do evento como um espaço essencial de diálogo e concertação entre os sectores público e privado. “Ao alcançarmos a segunda edição deste fórum, e com uma participação tão expressiva, reforçamos a confiança na sua importância para impulsionar o acesso universal à energia até 2030”, referiu.
Entre os destaques do evento esteve a apresentação dos resultados preliminares do Plano Integrado de Acesso à Energia (PIAE), conduzida pelo coordenador da UIPCE, Inocêncio Gujamo. O plano utiliza tecnologia e inovação, integrando dados geoespaciais para decisões informadas sobre três pilares fundamentais: electrificação, acesso a soluções de cozinha melhorada e uso produtivo da energia.
De acordo com os dados apresentados, o País tem como meta garantir, até 2030, que 68% da população tenha acesso à energia por meio da rede eléctrica convencional, enquanto 32% dependerá de soluções fora da rede. Para alcançar este objectivo, será necessário aumentar a cobertura eléctrica em 38,9% relativamente ao nível actual.

Avanços e desafios do sector
A representante do Beyond the Grid Fund for Africa (BGFA) em Moçambique, Mayra Pereira, apresentou os principais avanços registados desde a primeira edição do fórum, em Fevereiro de 2024. Entre os progressos apontados, destacam-se o fortalecimento da coordenação entre os actores do sector público e privado, a melhoria do acesso a financiamento para soluções energéticas fora da rede e a expansão de tecnologias como sistemas solares domésticos e mini-redes.
Foram ainda debatidos desafios e oportunidades relacionados com o quadro regulatório, a resiliência climática e a implementação de modelos sustentáveis para a electrificação do País. Além disso, os participantes abordaram temas como a gestão de lixo electrónico (e-waste), os incentivos fiscais e a inclusão de grupos vulneráveis no acesso à energia limpa.
A questão do género foi amplamente discutida, sublinhando a necessidade de promover maior equilíbrio entre homens e mulheres no sector energético, garantindo igualdade de oportunidades no acesso a financiamento e na implementação de soluções energéticas.

O 2.º Fórum Bianual de Energia Fora da Rede contou com o apoio do Beyond the Grid Fund for Africa (BGFA) e da Enabel, além da presença de diversos financiadores e programas de cooperação no sector da energia. A iniciativa reforça o compromisso do País com um futuro energético sustentável, baseado na inovação, colaboração e soluções concretas para ampliar o acesso à energia.
A segunda edição do evento está prevista para Setembro de 2025 e pretende consolidar os avanços alcançados, enfrentar novos desafios e fortalecer as parcerias estabelecidas. O encontro será mais uma oportunidade para avaliar progressos, promover a cooperação e explorar novas iniciativas para atingir o acesso universal à energia renovável em Moçambique.