A Expedição à Volta de África, uma iniciativa de colaboração ao longo da costa africana liderada pelas organizações OceanX (comunidade global de exploradores e cientistas que promovem educação e protecção oceânica) e OceanQuest (fundação que tem por objectivo explorar os segredos das profundezas dos oceanos em benefício da humanidade), conta com a participação de investigadores nacionais na exploração dos ecossistemas marinhos do oceano Índico, informou esta segunda-feira, 3 de Março, o portal de notícias Engineering News.
De acordo com o órgão, o projecto, que visa mapear e estudar a biodiversidade dos montes submarinos, teve início no final de Janeiro em Moroni, Comores, a bordo do navio de investigação OceanXplorer.
O site explica que a expedição reúne cientistas de diversos países, incluindo Moçambique, África do Sul, Madagáscar, Quénia, Tanzânia, Comores, Portugal, Brasil e Arábia Saudita. O objectivo principal é compreender melhor os ecossistemas marinhos e contribuir para esforços de conservação e restauração das áreas oceânicas remotas. Para o País, a missão representa uma oportunidade para aprofundar o conhecimento sobre os recursos marinhos e reforçar a capacidade científica local.
A importância dos montes submarinos
Os montes submarinos são formações geológicas que desempenham um papel fundamental na dinâmica dos oceanos. De acordo com a ecologista bentónica, Lara Atkinson, da Rede de Observação Ambiental da África do Sul (NRF-SAEON, sigla em inglês), as montanhas submersas influenciam as correntes oceânicas e criam zonas de afloramento ricas em nutrientes, sustentando uma diversidade de vida marinha, incluindo plâncton (conjunto de organismos que vivem na água e têm pouca capacidade de locomoção), corais, esponjas, peixes e mamíferos marinhos.
Entre os locais explorados durante a expedição, destaca-se a Crista de Madagáscar e o Planalto das Agulhas, onde foram realizados levantamentos de biodiversidade. A bordo do OceanXplorer, os investigadores utilizaram submersíveis avançados, como o Neptune e o Nadir, capazes de atingir profundidades de até 500 metros, para recolher amostras e imagens do fundo do mar. As análises incluem testes de ADN ambiental (eDNA) para identificar espécies presentes na região.

Descobertas e impacto para Moçambique
O Engineering News revela que uma das descobertas mais notáveis foi a exploração de um monte submarino inexplorado a sul de Walter’s Shoal, onde foram documentadas espécies marinhas raras, incluindo corais de profundidade, estrelas-do-mar Brisingid, uma quimera, polvo dumbo e uma moreia. O avistamento de dois tubarões-anequim também marcou a expedição, reforçando a importância destas áreas para a biodiversidade.
Para Moçambique, as descobertas são de grande relevância, pois o País possui uma extensa costa e depende fortemente dos recursos marinhos para a segurança alimentar e económica. A investigação poderá contribuir para a implementação de políticas de conservação mais eficazes e para o fortalecimento da gestão sustentável dos ecossistemas marinhos.
Fortalecimento da investigação oceânica
Além da exploração científica, a Expedição à Volta de África tem como meta desenvolver a capacidade de investigação marinha nos países africanos. A OceanX e a OceanQuest estão a colaborar com várias instituições locais para fomentar o intercâmbio de conhecimento e a formação de investigadores africanos. Em Moçambique, espera-se que os resultados da expedição possam apoiar programas de monitorização ambiental e reforçar a participação do País na ciência oceânica global.
A participação de investigadores nacionais nesta missão representa um passo importante na ampliação do conhecimento sobre os oceanos e na preservação da biodiversidade marinha, com benefícios directos para as comunidades costeiras e para o futuro sustentável do País.