A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) alertou que, caso as manifestações violentas continuem, o País poderá perder até um terço da sua economia até ao final deste ano. De acordo com a Agência de Informação de Moçambique (AIM), a previsão foi feita durante um evento realizado no âmbito do lançamento das medidas financeiras para a recuperação económica, nesta sexta-feira (28), que contou com a presença dos ministros das Finanças e da Economia, bem como de representantes do sector empresarial.
O presidente da CTA, Agostinho Vuma, revelou que os prejuízos das manifestações violentas já custaram perto de 499,5 milhões de dólares (32,2 mil milhões de meticais) à economia, o equivalente a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do País. Além disso, mais de 17 mil postos de trabalho foram perdidos devido aos impactos dessas manifestações.
“Caso esta situação não mude até ao final do ano, podemos perder até 30% da nossa economia!”, alertou Vuma, destacando ainda que essa previsão é alarmante e poderá se concretizar se não houver medidas urgentes para restaurar a estabilidade económica e a segurança no País.
O presidente da CTA sublinhou que a condição essencial para a recuperação empresarial é a restauração da paz e segurança. “Hoje, é comum alguém chegar nas lojas e ditar preços”, afirmou Vuma, citando como exemplo as constantes ameaças e extorsões enfrentadas por empresas em locais como Machava, Moamba e Boane.
O responsável também frisou a falta de condições para a retoma das actividades comerciais, uma vez que os empresários necessitam de garantias de segurança para operar. Criticou ainda a aparente falta de acção das instituições do Estado na defesa dos bens e vidas da população.
“Chegou a hora de agir. Quem é o responsável por tudo isto?”, questionou o presidente da CTA, destacando a ineficiência do diálogo político e das medidas para resolver a situação.
Sobre as medidas de recuperação económica, Vuma propôs melhorias nos instrumentos de apoio já aprovados, destacando a exclusão de empresas endividadas no sistema bancário e a necessidade de linhas de financiamento mais inclusivas. “Os empresários muçulmanos, por exemplo, não aceitarão condições com juros”, lembrou Vuma.
Em relação às medidas fiscais, a CTA parabenizou o Governo pela isenção do Imposto de Valor Acrescentado em toda a cadeia de valor de óleos, sabões e açúcar. No entanto, foi enfatizado que é necessário agir com celeridade na implementação da isenção para evitar confusão nos estabelecimentos comerciais.