A FutureCoal, uma associação que promove educação e transformação responsável no sector do carvão, anunciou a criação de uma secção dedicada à África Austral, que será liderada por Mike Teke, CEO do grupo Seriti Resources. A iniciativa pretende promover a utilização sustentável do mineral na região, com Moçambique a desempenhar um papel estratégico, dada a dimensão das suas reservas, informou esta sexta-feira, 28 de Fevereiro, o portal de notícias Engineering News.
Segundo o órgão, a África Austral possui cerca de 150 mil milhões de toneladas de reservas de carvão, concentradas principalmente na África do Sul, Moçambique e Zimbabué. Com esta nova estrutura, a FutureCoal pretende reforçar o diálogo com governos e empresas para garantir que o carvão continue a ser um pilar da economia regional, especialmente nos sectores da electricidade, aço, fertilizantes e cimento.
Moçambique destaca-se no cenário energético regional como um dos principais exportadores de carvão, especialmente da mina de Moatize, na província de Tete. Apesar dos desafios associados à transição energética e à pressão internacional para a redução do uso de combustíveis fósseis, o País tem investido na modernização das infra-estruturas de extracção e exportação, procurando equilibrar desenvolvimento económico e sustentabilidade ambiental.
Mike Teke enfatizou que os vastos recursos de carvão da região não devem ser abandonados, mas sim explorados de forma responsável. “Somos nações abençoadas com um recurso valioso e juntos seremos mais fortes. Apelo a um maior número de empresas do sector do carvão para que se juntem a esta aliança, promovendo um debate realista sobre a inclusão do mesmo”, afirmou.

A FutureCoal defende que a gestão sustentável do carvão é viável, destacando que 99% das tecnologias necessárias para reduzir a poluição do carvão já estão disponíveis. Michelle Manook, CEO da organização, acrescentou que a prioridade não é eliminar o uso do mineral, mas sim garantir que cada país da região possa definir a sua própria estratégia de sustentabilidade e crescimento.
A criação desta secção regional surge num momento em que Moçambique procura diversificar a sua matriz energética, explorando fontes renováveis como o gás natural e a energia solar, sem descurar o papel estratégico do carvão na sua economia. O envolvimento do País na FutureCoal pode representar uma oportunidade para fortalecer a sua posição no sector energético, garantindo investimentos para uma produção mais limpa e eficiente.
Com o novo capítulo da FutureCoal a ganhar forma, espera-se um debate mais amplo sobre o futuro do carvão na África Austral, equilibrando crescimento económico e compromissos ambientais. Moçambique, como um dos principais actores da indústria carbonífera da região, terá um papel fundamental nesta discussão.