A EuroAtlantic Airways (EAA) anunciou nesta quinta-feira (27) que rescindiu o contrato com a empresa Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) com “efeito imediato”, devido ao incumprimento da transportadora moçambicana “no pagamento das suas substanciais dívidas financeiras”.
“A EAA mantém o compromisso de proteger os seus interesses comerciais e tomará todas as medidas legais e comerciais necessárias para garantir uma conclusão ordenada do contrato vigente”, avançou a companhia portuguesa por meio de uma nota divulgada pela Lusa.
Segundo a entidade portuguesa, as dívidas foram contraídas no âmbito do retorno da ligação entre Maputo e Lisboa. “A EAA iniciou a operação desta rota em Dezembro de 2023, e somente foi informada da suspensão repentina de todos os serviços nesta rota a 11 de Fevereiro de 2025”, observou.
Entretanto, citado no documento, o presidente da EuroAtlantic, Stewart Higginson, afirmou que a transportadora portuguesa confia “que a LAM irá liquidar, com urgência, as suas obrigações financeiras pendentes”.
“Continuamos naturalmente disponíveis para apoiar a LAM no futuro, à medida que a situação evolui, e esperamos poder reforçar a relação que ambas as partes construíram ao longo dos últimos anos”, acrescentou.

Abandonada pela companhia por quase 12 anos, a rota Maputo – Lisboa foi retomada em Dezembro de 2023 e fazia parte do plano de revitalização da operadora moçambicana, após a sul-africana Fly Modern Ark (FMA) ter assumido a sua gestão para ajudar no processo de reestruturação. O transporte era assegurado por um Boeing 777 de 302 lugares, resultante de uma parceria com a operadora EuroAtlantic.
No dia 19 de Fevereiro, a Linhas Áreas de Moçambique anunciou a suspensão imediata da rota Maputo-Lisboa. A medida foi justificada pelos elevados prejuízos acumulados, que ultrapassam os 21 milhões de dólares (1,3 mil milhões de meticais), desde a sua inauguração.
O porta-voz da companhia, Alfredo Cossa, explicou que a suspensão da rota é uma das acções tomadas no âmbito de uma reestruturação da empresa, que está a ser alinhada com o plano de 100 dias do Governo, salientando que os esforços serão redireccionados para o mercado doméstico e regional, onde as operações são mais sustentáveis.
A empresa destacou que alimentou a operação de Lisboa com recursos provenientes do mercado doméstico, o que acabou por tornar-se insustentável. “Não podemos continuar a voar grande enquanto a casa não estiver arrumada. Primeiro, precisamos de consolidar o mercado doméstico, depois avançaremos para o mercado regional e internacional de forma mais sólida”, explicou.
A reestruturação da LAM incluiu também a suspensão de outras rotas deficitárias, como a de Maputo-Harare-Lusaka, que gerou perdas de 307 mil dólares (19,6 milhões de meticais).