A grafite produzida em Moçambique, que alimenta a indústria de baterias de viaturas eléctricas no mundo, registou uma queda de 64% em 2024, ano no qual foram produzidas 34,8 mil toneladas do minério, um dos registos mais baixos dos últimos anos, informou a Lusa, nesta terça-feira, 25 de Fevereiro.
De acordo com dados oficiais, trata-se de uma redução correspondente a apenas 11% da meta de 329 mil toneladas de grafite estipulada para todo o ano, que resultou, sobretudo, na paralisação das actividades da GK Ancuabe Graphite Mine (empresa que opera a mina de grafite de Ancuabe, na província de Cabo Delgado), em 2023.
O relatório de execução orçamental do Ministério das Finanças, referente a 2024, aponta que “além disso, a interrupção das actividades da empresa Twigg Mining and Exploration [do grupo australiano Syrah Resources], devido à introdução no mercado internacional da grafite sintética, aliada a problemas laborais na empresa, culminaram com a paralisação das operações mineiras.”
O País produziu 97,3 mil toneladas de grafite em 2023 e um pico de 165,9 mil toneladas no ano anterior, segundo dados do Governo.
A grafite extraída na mina de Balama, em Cabo Delgado, Norte do País, pela mineradora australiana Syrah Resources vai ser usada a partir de 2026 nas baterias da fabricante de carros eléctricos norte-americana Lucid, considerada uma das mais avançadas do mundo.
De acordo com uma informação prestada aos mercados nesta segunda-feira (24) pela empresa mineira, trata-se de um acordo de três anos que envolve a fábrica Vidalia, daquele grupo australiano, nos Estados Unidos da América (EUA), que, por sua vez, é alimentada pela grafite extraída no Norte de Moçambique, prevendo o fornecimento de 7 mil toneladas de material de ânodo activo de grafite natural (AAM).
A australiana anunciou, no ano passado, ter recebido em Novembro de 2024 o primeiro desembolso de 53 milhões de dólares, de um empréstimo de 150 milhões de dólares da International Development Finance Corporation (DFC).
Este foi o primeiro empréstimo do género da instituição de financiamento ao desenvolvimento do Governo norte-americano para uma operação de mineração de grafite, envolvendo a expansão da mina, em Balama, e a sua sustentabilidade.
“Mais desembolsos de empréstimos da DFC não estão disponíveis enquanto as operações de Balama estiverem bloqueadas pelas acções de protesto. A interrupção das operações na mina (causadas pelas manifestações pós-eleitorais) está a ser monitorizada por todas as partes”, referiu a Syrah na altura, afirmando que “continua a trabalhar em colaboração” com a DFC e o Departamento de Energia norte-americano.