A grafite extraída da mina de Balama, na província de Cabo Delgado, Norte do País, pela mineradora australiana Syrah Resources, vai ser usada a partir de 2026 nas baterias da fabricante de carros eléctricos norte-americana Lucid, considerada uma das mais avançadas do mundo.
De acordo com a Lusa, a informação foi adiantada nesta segunda-feira (24) pela empresa mineira. Trata-se de um acordo de três anos que envolve a fábrica de Vidalia, do grupo australiano, nos Estados Unidos da América (EUA), que, por sua vez, é alimentada por grafite extraída no Norte de Moçambique, e prevê o fornecimento, durante três anos, de sete mil toneladas de material de ânodo activo (AMM) de grafite natural.
A Lucid – uma empresa de tecnologia cotada na Nasdaq, sediada em Silicon Valley (Califórnia) – está a trabalhar, segundo a Syrah Resources, “na criação dos veículos eléctricos mais avançados do mundo, com o melhor desempenho e eficiência da sua classe”. Na sua fábrica de última geração no Arizona, EUA, a marca produz automóveis Lucid Air, bem como um novo modelo SUV, o Lucid Gravity, e a partir de Janeiro de 2026 a Vidalia vai fornecer o material aos fabricantes de baterias daquela marca automóvel.
“A Vidalia e a sua integração vertical com a mina de Balama são uma proposta de valor única para os Governos e participantes na cadeia de fornecimento de baterias”, sublinha a Syrah, referindo que, na estrutura actual da cadeia de abastecimento de grafite natural e AAM, a fábrica “é um dos poucos fornecedores” do género deste “mineral crítico fornecido.”
Assim, a Vidalia, alimentada pela mina de Balama, afirma ser “uma fonte fundamental de fornecimento de minerais essenciais para o mercado norte-americano de baterias para veículos eléctricos.”
A mineradora australiana Syrah anunciou anteriormente que recebeu em Novembro do ano passado o primeiro desembolso, no valor de 53 milhões de dólares, de um empréstimo de 150 milhões de dólares da International Development Finance Corporation (DFC). Este foi o primeiro empréstimo do género da instituição de financiamento ao desenvolvimento do Governo norte-americano para uma operação de mineração de grafite, envolvendo a expansão da mina, em Balama, e a sua sustentabilidade.
“Mais desembolsos de empréstimos da DFC não estão disponíveis enquanto as operações de Balama estiverem bloqueadas pelas acções de protesto. A interrupção das operações na mina está a ser monitorizada por todas as partes”, referiu a Syrah, acrescentando que “continua a trabalhar em colaboração com a DFC e o Departamento de Energia norte-americano.”

Em 2024, a Syrah Resources anunciou que contabilizou, no primeiro semestre, prejuízos avaliados em 67,1 milhões de dólares australianos (44,7 milhões de dólares americanos). Segundo a entidade, as receitas caíram 33% para 19 milhões de dólares australianos (12,6 milhões de dólares americanos), sendo que a situação se deveu à redução da produção e das vendas de grafite tendo em conta o excesso de oferta na China.
“A grafite é um material à base de carbono usado em baterias e é um componente vital em veículos eléctricos. A China é responsável por mais de 70% do suprimento global de grafite natural, extraído e de variedade sintética, feito de coque de petróleo ou alcatrão de hulha”, esclareceu a empresa.