Este forte do século XVI e Património Mundial da Unesco é o local mais visitado de Mombaça. As paredes de um metro de espessura, os vestígios de graffiti europeu, as inscrições árabes e os adornos Suaíli não são apenas evocativos, são um palimpsesto (manuscrito antigo em que o texto original foi apagado para ser reutilizado) da história de Mombaça e da Costa escrito em pedra. É possível subir às ameias e explorar os seus terrenos arborizados.
O forte foi construído pelos portugueses em 1593 para servir de símbolo e sede da sua presença permanente neste canto do oceano Índico. É irónico, portanto, que a construção tenha marcado o início do fim da hegemonia portuguesa local. Entre marinheiros portugueses, soldados de Omã e rebeliões suaílis, o forte mudou de mãos pelo menos nove vezes entre 1631 e o início da década de 1870, quando finalmente caiu sob o controlo britânico e foi utilizado como prisão. Em 1960, foi inaugurado como museu.
Foi o último projecto concluído pelo arquitecto e engenheiro italiano Giovanni Battista Cairati, cujos edifícios se encontram em todas as colónias orientais de Portugal, de Velha Goa a Velha Mombaça. O Forte Jesus é uma obra de design militar da época – partindo do princípio de que a estrutura estava bem guarnecida, teria sido impossível aproximar-se das suas muralhas sem cair sob o cone de campos de fogo entrelaçados.
Dentro do recinto do forte, é de salientar a Sala Mazrui, onde espirais floridas desvanecem-se numa parede encimada por lintéis de madeira deixados pelos árabes de Omã. Noutra sala, marinheiros portugueses riscaram graffitis que ilustram a identidade naval multicultural do oceano Índico, deixando as paredes cobertas de fragatas europeias de quatro pontas, dhows árabes de três pontas e os “camelos do oceano” cosidos em fibra de coco: o elegante mtepe suaíli (embarcação à vela tradicional).
A casa Omani, no baluarte de San Felipe, no canto noroeste do forte, foi construída no final do século XVIII e tem um pequeno dhow de pesca no exterior. No interior, há uma pequena exposição de jóias, armas e outros artefactos. A muralha oriental inclui uma sala de audiências e a Passagem dos Arcos, que conduz, sob o coral castanho-rosado, a uma vista de duplo azul do mar a flutuar sob o céu.




Há um museu no centro do forte que exibe os achados de 42 navios de guerra portugueses afundados durante o cerco de Omã em 1697, desde jarros de barro em forma de cracas a amuletos persas e porcelana chinesa. Tal como o resto do complexo, estão mal etiquetados e mal expostos. Apesar disso, o Forte Jesus é imperdível.
Fonte: Lonely Planet