O Porto de Maputo contribuiu para as finanças públicas moçambicanas em 2024 com 100 milhões de dólares (6,4 mil milhões de meticais) em impostos directos, dividendos e taxas de concessão. A informação foi avançada nesta sexta-feira (21) pelo CEO da Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Maputo (MPDC), Osório Lucas, durante o Fórum Bancário, que decorre em Maputo e organizado pelo Absa Moçambique, sob o lema “Transformação, Crescimento e Controlo”.
Ao abordar o tema “O impacto social das decisões de financiamento”, Osório Lucas destacou que o Porto de Maputo se tornou um dos principais pilares da economia nacional, não apenas pelo seu papel na movimentação de cargas e no comércio internacional, mas também pela sua relevância como fonte de receitas fiscais e gerador de postos de trabalho.
Nos últimos 20 anos, o Porto já injectou mais de 660 milhões de dólares (42,3 mil milhões de meticais) nos cofres do Estado, entre impostos, taxas e dividendos pagos aos CFM (Caminhos-de-Ferro de Moçambique). Para além do retorno financeiro directo, o impacto do Porto estende-se à expansão da cadeia de valor, fomentando o crescimento de Pequenas e Médias Empresas (PME) ligadas ao sector logístico e portuário.
“O Porto não funciona sem as empresas que o suportam. Movimentamos diariamente milhares de pessoas e impulsionamos sectores como a estiva, o transporte e a alimentação. Só nos últimos dez anos, essas empresas facturaram 57 milhões de dólares (3,6 mil milhões de meticais), mas muitas ainda enfrentam dificuldades no acesso ao crédito”, afirmou Osório Lucas, destacando a necessidade de soluções financeiras que permitam maior liquidez às PME envolvidas na operação portuária.

A modernização do Porto de Maputo é resultado de um investimento superior a 730 milhões de dólares (46,8 mil milhões de meticais), focado na dragagem do canal de acesso, reabilitação e expansão de terminais, digitalização de processos e capacitação da mão-de-obra. De acordo com o CEO do MPDC, estas melhorias foram fundamentais para impulsionar a arrecadação fiscal, fortalecer a economia moçambicana e posicionar o Porto como um hub estratégico no comércio regional e global.
“Este crescimento só foi possível graças ao financiamento bancário. A banca tem um papel fundamental neste processo, e o desafio agora é encontrar formas inovadoras de facilitar o acesso ao crédito para as pequenas empresas que integram a nossa cadeia de fornecimento”, sublinhou.
Outro factor determinante para a evolução do Porto tem sido a transformação digital, que permitiu eliminar o uso de papel, optimizar processos e reduzir os tempos de espera para entrada e saída de mercadorias. Lucas destacou que a digitalização já reduziu os tempos de espera nas fronteiras de 20 horas para apenas 2, aumentando significativamente a eficiência logística e a competitividade do Porto.
Apesar dos avanços, o CEO do MPDC alertou para o cenário competitivo da região, especialmente com as recentes reformas na África do Sul, onde o Governo decidiu privatizar terminais portuários e a gestão da via férrea.
“Isto significa que nós também temos de acordar. O Porto de Maputo deve continuar a inovar e a expandir-se para manter a sua posição estratégica na região”, reforçou.
No Fórum Bancário estão reunidos líderes do sector financeiro e empresarial para debater os desafios e oportunidades de crescimento da economia moçambicana, com enfoque na transformação digital e no papel da banca no financiamento ao desenvolvimento.
Texto: Felisberto Ruco