A ajuda pública ao sector das pescas na OCDE aumentou na última década, passando de 12,6% do valor da produção em 2010-12 para 15,2% em 2020-22, para se concentrar mais na gestão, controlo e vigilância dos recursos.
No relatório bienal sobre o sector das pescas, publicado nesta quarta-feira, 19 de Fevereiro, a Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económicos (OCDE) explica que este aumento percentual se deve principalmente a uma redução de 12% do valor dos desembarques durante este período.
Em termos absolutos, a ajuda passou de 5,4 mil milhões de dólares por ano em 2010-2012 para 5,7 mil milhões de dólares em 2020-2022. Se olharmos para o montante do subsídio por pescador, este aumentou de 4 mil dólares para 5 mil dólares, essencialmente devido a uma redução de 13% no emprego.
Cerca de dois terços dos membros da organização gastaram mais dinheiro em 2020-22 do que dez anos antes em gestão, controlo e monitorização, o que os autores do estudo dizem ser “uma boa notícia” porque contribuirá para a exploração sustentável das pescas, “vital para garantir que sejam rentáveis a longo prazo e resistentes às alterações climáticas”.
O documento abrange 41 países, que representam 79% da produção mundial de animais aquáticos (87% na aquicultura e 69% das capturas de peixe), incluindo 30 membros da OCDE, mas também outros grandes países emergentes como a China, a Índia, o Brasil, a Indonésia, a Argélia e a África do Sul.
Os subsídios foram reduzidos em volume de 5,9 mil milhões de dólares por ano em 2010-12 para 5,2 mil milhões de dólares em 2020-2022, o que equivale a 12,5% e 7,6% do valor dos desembarques, respectivamente, e a 346 e 283 dólares por pescador.
Só a China representou 36,1% dos subsídios destes 41 países, seguida do Japão (12,4%), dos Estados Unidos (11%), do Canadá (10,7%), dos membros da UE (8%) e do Brasil (6,4%).
Os subsídios foram reduzidos em volume de 5,9 mil milhões de dólares por ano em 2010-12 para 5,2 mil milhões de dólares em 2020-2022, o que equivale a 12,5% e 7,6% do valor dos desembarques, respectivamente, e a 346 e 283 dólares por pescador
O Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC) estima que, com as alterações climáticas e o aumento da temperatura da água do mar (entre 0,33 e 1,29 ºC, em média, até 2050), as capturas de peixe diminuirão entre 3,4% e 24,1% até ao final do século.
O declínio será mais acentuado nos trópicos (cerca de 40%), ao passo que nas latitudes elevadas as capturas poderão aumentar 30% a 70%.
No relatório, publicado de dois em dois anos, a OCDE salienta que o peixe fornece, em média, 15% das proteínas animais ingeridas pela população mundial e 6% de todas as proteínas.
Nos 41 países analisados, o consumo de peixe é de 20,6 quilogramas (kg) por pessoa por ano e de 24,9 kg na OCDE, com diferenças notáveis entre 55 kg na Coreia do Sul e 5,4 kg na Turquia.
Na edição de 2023 do estudo conjunto produzido pela OCDE e pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), os autores previram que a produção da aquacultura nos próximos 20 anos seria de cerca de 20,6 kg por pessoa por ano, com uma diferença significativa entre 55 kg na Coreia do Sul e 5,4 kg na Turquia.
Na edição de 2023 do relatório conjunto elaborado pela OCDE e pela FAO, os autores prevêem que a produção da aquacultura na próxima década aumente 9,6%, enquanto as capturas de peixe crescerão 1,7%.
Embora a produção total do sector nos 41 países abrangidos pelo estudo tenha aumentado 50% nos últimos 15 anos, o aumento foi muito mais significativo na aquacultura, que passou de 39% da produção total em 2005 para 60% em 2022.
O crescimento do sector foi ainda mais significativo em termos de valor, triplicou ao passar de 127 mil milhões de dólares em 2005 para 381 mil milhões de dólares em 2022.
Além disso, a quota da aquacultura na produção de peixe nestes 41 países aumentou para 72% em 2022. A quota relativa da aquacultura é particularmente elevada na Eslovénia (93,5%), na China (86,3%), na Roménia (73,7%), na Índia (73,7%) e na Colômbia (70,4%).
Fonte: Lusa