O Executivo considerou esta terça-feira, 18 de Fevereiro, que as medidas governamentais que está a implementar para a redução do custo de vida no País serão inúteis se as manifestações e a destruição de infra-estruturas continuar, informou a agência Lusa.
“Enquanto as manifestações continuarem, mesmo com a redução de custo de vida, as coisas vão ficar mais difíceis ainda”, declarou Inocêncio Impissa, porta-voz do Conselho de Ministros, após uma sessão do órgão em Maputo.
O País vive, desde Outubro do ano passado, aquando das eleições eleitorais, um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas, primeiro, pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados que deram vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo.
Actualmente, os protestos, agora em pequena escala, têm estado a ocorrer de forma independente em diferentes pontos e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e de outros problemas sociais.
“Paralisar as estradas e a economia não vai ajudar na redução do custo de vida. A fome existe e os problemas existem, mas as soluções também dependem do ambiente que a sociedade criar. Infelizmente este modelo de manifestações não vai ajudar em nada”, frisou o porta-voz do Executivo.
O Presidente da República admitiu, no domingo (16), a possibilidade de retirar o Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) em produtos de primeira necessidade e a intervir para a redução dos preços de combustíveis, visando aliviar o custo de vida.
“Estamos a trabalhar para encontrar várias soluções e uma delas é pegarmos nos produtos da cesta básica do povo e trabalharmos para ver a possibilidade de retirar o IVA, que é o que os encarece”, disse Daniel Chapo, em conferência de imprensa em Adis Abeba, capital da Etiópia, fazendo um balanço da sua primeira participação da 38.ª cimeira da União Africana (UA).
Desde Outubro, pelo menos 327 pessoas morreram, incluindo duas dezenas de menores, e cerca de 750 foram baleadas durante confrontos entre a polícia e os manifestantes, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais.
A Confederação das Associações Económicas (CTA) estimou, a 30 de Dezembro, à Lusa que mais de 500 empresas foram vandalizadas durante as manifestações pós-eleitorais em Moçambique e pelo menos 12 mil pessoas estão agora sem emprego.