O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/SIDA (UNAIDS) continua a manifestar grande preocupação face aos cortes na assistência financeira, na sequência da ameaça do ex-Presidente norte-americano, Donald Trump, de encerrar a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).
Segundo a Agência de Informação de Moçambique, a apreensão foi expressa pela directora executiva da UNAIDS e vice-secretária-geral das Nações Unidas, Winnie Byanyima, durante uma audiência concedida no passado domingo (16) pelo Presidente da República, Daniel Chapo, com o intuito de debater os desafios da luta contra o HIV no País.
De acordo com Byanyima, um dos maiores desafios enfrentados actualmente é a redução do apoio financeiro dos Estados Unidos, o que poderá comprometer não só os programas de tratamento e prevenção em Moçambique, mas também em várias outras nações.
“Falámos sobre como gerir a situação actual, face às mudanças na política dos EUA e ao facto de que o apoio será reduzido. Discutimos como Moçambique poderá recuperar e ser capaz de manter o progresso alcançado”, declarou a responsável da UNAIDS.
Byanyima sublinhou ainda que será necessária uma abordagem colectiva para dialogar com o Governo norte-americano no sentido de garantir uma transição organizada, evitando uma interrupção abrupta do financiamento e permitindo ao País tempo suficiente para mobilizar outras fontes de recursos.

O encontro, que decorreu à margem da “Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da União Africana”, em Adis Abeba, reforçou a urgência de intensificar os esforços para garantir a sustentabilidade dos programas de combate ao HIV/SIDA, face às mudanças nos financiamentos internacionais.
“Moçambique tem feito progressos assinaláveis, reduzindo novas infecções e mortes. No entanto, o País continua a enfrentar um grande desafio, uma vez que conta actualmente com dois milhões de pessoas em tratamento antirretroviral, havendo ainda 400 mil sem acesso a tratamento e cerca de 80 mil novas infecções registadas todos os anos”, salientou Byanyima.
Dados oficiais indicam que aproximadamente 2,4 milhões de pessoas vivem com o HIV em Moçambique, sublinhando a necessidade imperiosa de assegurar o acesso contínuo ao tratamento para evitar retrocessos na luta contra a epidemia.
“O progresso na resposta à doença tem sido fruto da cooperação entre o Governo e organizações internacionais, mas há ainda um longo caminho a percorrer. Algumas das soluções passam por incentivar a produção local de medicamentos, reduzir a dependência das importações e fomentar a criação de emprego para os jovens moçambicanos”, acrescentou a responsável da UNAIDS.
A criação de uma infra-estrutura sólida para apoiar o tratamento e a prevenção do HIV/SIDA surge como um passo fundamental para garantir que Moçambique continue a avançar no combate à epidemia, promovendo um sistema de saúde mais resiliente e sustentável.