Transformar o que, de outra forma, seria lixo, numa solução inovadora e sustentável é o cerne do conceito de reciclagem. Na Tanzânia, Innocent James fez isso com sacos de cimento usados, recolhidos em estaleiros de construção, dando-lhes vida como pastas solares.
Actualmente, cerca de 200 mil sacos de cimento são reutilizados todos os meses para produzir as pastas. A Soma Bags, empresa de James, reduz o lixo nas ruas e oferece também esta alternativa funcional e económica às famílias que ainda dependem das lanternas de parafina, um recurso caro e perigoso de utilizar. De acordo com dados do Banco Mundial, apenas 22% da população da Tanzânia tinha acesso à electricidade em 2019.
A ideia das pastas solares nasceu em 2016, depois do tanzaniano ter visto um professor universitário a usar um casaco com um painel solar para carregar o telemóvel. Adaptou a tecnologia e o seu projecto ganhou rapidamente adeptos. No início, James costurava cerca de 80 pastas com painéis solares por mês e vendia-as por entre quatro e oito xelins tanzanianos (que em meticais equivalem a 0,09 e 0,20 respectivamente). Este valor corresponde ao custo do funcionamento de uma lanterna de parafina durante 15 dias, mas com a vantagem de ser uma solução mais segura, mais sustentável e mais duradoura.
Com o tempo, o impacto da Soma Bags atraiu a atenção do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que, através do Programa de Inovação Funguo, financiado pela União Europeia e pelo Governo do Reino Unido, apoiou o crescimento da empresa. Actualmente, a Soma Bags emprega 85 trabalhadores e produz cerca de 13 mil pastas por mês. Apesar do volume impressionante, a procura continua a ultrapassar a capacidade de produção, um reflexo da necessidade e relevância do produto.
O efeito das pastas também se reflecte no desempenho escolar. Com esta fonte fiável de luz, os alunos que possuem o material revelaram melhorias significativas nos seus processos de aprendizagem. Além disso, a invenção de Innocent também facilita o acesso à informação e à comunicação, permitindo que as crianças se mantenham em contacto com os amigos e familiares.
Joseph Manirakiza, do PNUD, sublinha o carácter transformador deste trabalho. “Há uma série de jovens na Tanzânia que se aperceberam de que precisam de tomar o seu futuro nas suas próprias mãos. James representa um grupo de jovens que utiliza o seu talento para fazer algo de significativo”, afirma.
Fonte: Ciclo Vivo