A Organização das Nações Unidas (ONU) assinalou neste domingo (16) “progressos” de Moçambique na redução de novas infecções de HIV/SIDA e defendeu uma discussão com os Estados Unidos para manter financiamentos aos programas de saúde enquanto o País mobiliza outros recursos.
Segundo informou a Lusa, Moçambique tem feito “muito progresso, reduzindo as novas infecções e reduzindo as mortes. No entanto, o País ainda enfrenta um grande desafio, uma vez que tem dois milhões de pessoas que estão em tratamento, 400 mil ainda a serem levadas ao tratamento e 80 mil novas infecções a cada ano”, informou a directora-executiva do Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV/SIDA (ONUSIDA), Winnie Byanyima, após um encontro com o Presidente da República, Daniel Chapo, à margem da 38.ª cimeira da União Africana (UA), na Etiópia, que termina neste domingo (16).
No referido encontro, Byanyima discutiu com Chapo saídas para Moçambique em face da redução do apoio do Governo americano aos programas de saúde, defendendo iniciativas de produção local de medicamentos com vista a reduzir a dependência de importações e a criação de uma infra-estrutura sólida para assegurar o tratamento de HIV/SIDA no País.
“Concordamos que deve haver uma abordagem colectiva para discutirmos com o Governo americano como ter uma transição organizada, não parar imediatamente [com o financiamento], mas para dar tempo para Moçambique mobilizar recursos”, apontou a directora-executiva da ONUSIDA.
Nos primeiros dias do seu segundo mandato, o Presidente norte-americano, Donald Trump, suspendeu toda a ajuda internacional durante 90 dias, com excepção dos programas humanitários alimentares e da ajuda militar a Israel e ao Egipto.
O Governo moçambicano afirmou em 07 de Fevereiro que a suspensão da ajuda internacional norte-americana compromete programas de saúde no País, com destaque para o HIV/SIDA, e que está em “diálogo” com a embaixada dos Estados Unidos para “mitigar os impactos”.
“A retirada brusca desse apoio compromete, como podem imaginar de alguma forma, a eficiência na implementação desses programas (…). O apoio do Governo americano financia uma parte considerável da provisão de profissionais de saúde e sobretudo na área de assistência de HIV/SIDA”, declarou Inocêncio Impissa, porta-voz do Governo moçambicano e ministro da Administração Estatal e Função Pública, durante uma conferência de imprensa, em Maputo, Sul do País.

Ainda na Etiópia, Chapo manteve encontro com o novo presidente da UA e também Chefe do Estado angolano, João Lourenço, em que apresentou a situação política do País e discutiu fórmulas para estreitar relações económicas e políticas com aquele país.
“Aproveitamos para endereçar parabéns a Angola por ter sido eleita para presidir a UA. Esperamos uma grande liderança, deixa dizer que a última vez que um país africano de língua portuguesa presidiu a organização foi em 2003 através do Presidente Joaquim Chissano (…) e regressar hoje com um país de língua portuguesa a presidir é realmente uma grande vitória”, declarou Chapo.
O Presidente moçambicano também manteve um encontro com o seu homólogo do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, onde discutiram novas frentes de cooperação no domínio de desenvolvimento económico dos dois países e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
A União Africana está reunida desde sábado em Adis Abeba na sua 38.ª cimeira e o tema central é o pagamento de reparações pela dominação colonial, mas os debates vão inevitavelmente ser dominados pelos conflitos regionais e pela falta de segurança.