Uma equipa de investigadores da Universidade de Hong Kong, na China, desenvolveu uma nova membrana de nanofiltração à base de seda natural, que promete acelerar os processos de purificação ou tratamento da água com um menor consumo de energia.
As membranas de nanofiltração são amplamente utilizadas em aplicações como o processamento de águas residuais industriais, o tratamento de águas domésticas ou a filtração. Podem remover uma vasta gama de contaminantes, incluindo metais pesados, moléculas orgânicas e microrganismos, permitindo simultaneamente a passagem de água e de iões minerais benéficos.
Mesmo com tantos benefícios, as membranas de nanofiltração tradicionais têm limitações: requerem uma pressão extremamente elevada, até dez vezes superior à pressão atmosférica normal, o que torna o processo intensivo em termos energéticos e dispendioso, sendo também necessário equipamento volumoso.
A equipa liderada pelo professor Chuyang Tang, do Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade de Hong Kong, descobriu esta nova solução que consiste numa membrana de nanofiltração à base de seda que pode purificar a água a uma pressão muito mais baixa, utilizando, de facto, um vácuo parcial em vez de alta pressão.
De acordo com o portal Ciclo Vivo, em testes, a membrana de seda atingiu um caudal de água de 56,8 litros por metro quadrado por hora, a uma baixa pressão de vácuo. Ao mesmo tempo que permite a passagem de minerais benéficos, esta membrana rejeita mais de 99% dos poluentes orgânicos presentes na água, por exemplo, compostos perfluorados – também conhecidos como compostos eternos, que são um grupo de químicos utilizados na produção de materiais resistentes a manchas, óleo e água, entre outros.
“A nossa nova membrana à base de seda é um divisor de águas”, afirma o professor Chuyang Tang. “Pode filtrar a água quase dez vezes mais depressa do que as membranas de nanofiltração comerciais clássicas, ao mesmo tempo que remove eficazmente os contaminantes nocivos. E consegue fazê-lo utilizando apenas uma ligeira sucção a vácuo e não uma pressão intensa.”
A “membrana ultra-permeável” de seda é altamente económica, reduzindo o consumo de energia em cerca de 80% em comparação com os sistemas de nanofiltração convencionais. A equipa do professor Tang obteve uma patente para a descoberta inovadora, que foi recentemente publicada na revista Nature Communications , num artigo intitulado “Ultra-permeable Silk-based Polymeric Membranes for Vacuum-driven Nanofiltration” – veja aqui.